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96% dos nordestinos sentiram aumento de temperatura
17 de abril de 2025 / 17:17
Foto: Divulgação

As mudanças climáticas deixaram de ser apenas um conceito científico distante e se tornaram parte do cotidiano das pessoas, especialmente no Nordeste brasileiro. De acordo com a pesquisa A Visão do Nordeste Sobre Mudanças Climáticas, realizada pelo Instituto Nexus e divulgada nesta terça-feira (15), 96% da população nordestina percebeu o aumento das temperaturas em 2024.

Ao mesmo tempo, o estudo mostra que os eventos climáticos extremos não só se intensificaram, como também impactaram de forma mais dura as populações mais vulneráveis, especialmente as que vivem no interior da região e têm renda familiar de até um salário mínimo.

A percepção dos nordestinos com a mudança climática

Além do aumento da temperatura, 90% dos entrevistados relataram menos chuvas, e 83% notaram secas mais graves – esse número sobe para 86% entre moradores do interior com baixa renda. Quando perguntados sobre a gravidade dos eventos climáticos recentes:

  • 57% afirmaram que 2024 foi pior do que anos anteriores;
  • 11% disseram que foi muito pior;
  • 25% consideraram igual a outros anos;
  • 12% notaram melhora;
  • 3% viram grande melhora;
  • Outros 3% não souberam responder.

Clima: crise ou apenas um problema?

A visão sobre o que representa a crise climática varia entre os entrevistados:

Classificação da Situação ClimáticaPercentual
Problema grave, mas não uma crise49%
Uma crise real27%
Problema menor10%
Nenhum problema9%
Não souberam responder5%

O dado chama atenção: mesmo com a percepção clara do agravamento das condições ambientais, quase metade ainda não vê o clima como uma crise.

O que esperar do futuro?

A maioria dos nordestinos acredita que a situação deve piorar ainda mais:

  • 45% acham que os eventos climáticos serão muito mais fortes nos próximos 5 anos;
  • 8% acreditam que serão extremamente mais fortes;
  • Juntos, 53% esperam intensificação dos fenômenos extremos.

Por outro lado, 20% creem que os eventos serão moderados até 2030, enquanto 10% esperam uma redução de intensidade, 4% acreditam que serão muito menos fortes, e 12% não souberam responder.

Perfil de quem mais sente e compreende a crise

A percepção mais crítica sobre a crise climática está presente especialmente entre:

  • Mulheres (31%)
  • Jovens entre 16 e 24 anos (35%)
  • Pessoas com ensino superior (39%)
  • Pessoas com renda acima de 5 salários mínimos (38%)

Segundo o executivo-chefe do Instituto Nexus, Marcelo Tokarski, a pesquisa mostra que os nordestinos estão atentos e preocupados com as mudanças no clima, especialmente as populações mais pobres e das áreas rurais, que sentem com mais força os efeitos das secas prolongadas e ondas de calor.

Um retrato real do clima

A meteorologista Morgana Almeida, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), destacou que a percepção dos entrevistados reflete fielmente o que apontam os dados técnicos: 2024 foi um dos anos mais quentes já registrados no Brasil, com temperatura média de 25,02°C – 0,79°C acima da média histórica.

“A população está mais atenta às questões do clima, e isso é fundamental, pois o tempo e o clima afetam todas as áreas da vida, desde a produção agrícola até a saúde pública”, avalia Morgana, que vive no Recife.

Ela lembrou que, embora 2024 não tenha superado as chuvas extremas que atingiram a capital pernambucana em 2022, o aumento das temperaturas foi evidente e generalizado em toda a região.

Assim, o Nordeste brasileiro está sentindo, de forma cada vez mais intensa, os efeitos das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, a percepção popular acompanha o alerta dos especialistas. Por isso, é urgente que governos e sociedade se mobilizem para mitigar os danos, investir em adaptação e promover ações que priorizem os mais afetados. O futuro climático da região dependerá das decisões que tomarmos agora.