
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou nesta terça-feira (4) uma novidade: pela primeira vez, foram divulgados os sobrenomes mais comuns no Brasil. A lista, que inclui cerca de 200 mil sobrenomes, revela que o sobrenome Silva é o mais prevalente, com aproximadamente 34 milhões de registros, o que representa 16,76% da população brasileira. Em segundo lugar, está Santos, com 21,4 milhões de registros, correspondendo a 10,4% da população.
Os dados mostram que os Silvas estão majoritariamente concentrados nos estados de Alagoas e Pernambuco, onde 35,75% e 34,23% da população, respectivamente, possuem esse sobrenome. O município de Belém de Maria, em Pernambuco, se destaca como o local com a maior proporção de pessoas com o sobrenome Silva, atingindo 63,90%.
Ranking dos 20 sobrenomes mais populares no Brasil:
- Silva: 34.030.104
- Santos: 21.367.475
- Oliveira: 11.708.947
- Souza: 9.197.158
- Pereira: 6.888.212
- Ferreira: 6.226.228
- Lima: 6.094.630
- Alves: 5.756.825
- Rodrigues: 5.428.540
- Costa: 4.861.083
- Sousa: 4.797.390
- Gomes: 4.046.634
- Nascimento: 3.609.232
- Araújo: 3.460.940
- Ribeiro: 3.127.425
- Almeida: 3.069.183
- Jesus: 2.859.490
- Barbosa: 2.738.119
- Soares: 2.615.284
- Carvalho: 2.599.978
O sobrenome Silva possui uma origem intrigante. Segundo o “Dicionário das Famílias Brasileiras”, de Carlos Eduardo Barata e Antonio Henrique da Cunha Bueno, a palavra deriva do latim, onde “Silva” significa “selva” ou “floresta”. Esse sobrenome surgiu na época romana para designar pessoas oriundas de regiões florestais. Embora tenha desaparecido com a queda do Império Romano, ressurgiu na Península Ibérica por volta do século XI e se popularizou no Brasil colonial, especialmente entre os portugueses que buscavam anonimato.
Além disso, muitos escravizados recebiam o sobrenome Silva de seus proprietários, frequentemente com a preposição “da” como um indicativo de posse. O sobrenome é comum em países de língua portuguesa, além de ser encontrado em menor escala na Espanha e na Itália.
Os sobrenomes surgiram da necessidade de distinguir indivíduos em uma sociedade em crescimento. No início da Idade Média, as pessoas eram identificadas apenas pelo nome próprio, frequentemente seguido de um qualificativo relacionado a uma característica física ou ocupação. Com o passar do tempo, entre os séculos 11 e 13, os sobrenomes começaram a se consolidar, refletindo locais de origem ou patronímicos, como por exemplo, “Gonçalves”, que significa “filho de Gonçalo”.
A adoção de sobrenomes também está ligada a práticas sociais e culturais, que variam de acordo com o contexto histórico e geográfico. Por exemplo, a tradição de mulheres adotarem o sobrenome do marido ao se casarem, que se firmou em várias sociedades, incluindo o Brasil, foi regulamentada pelo Código Civil de 1916, mas passou por mudanças significativas nas últimas décadas.
Atualmente, observa-se uma tendência crescente de casais optando por manter seus sobrenomes após o casamento, refletindo uma sociedade em busca de maior igualdade de gênero. Dados recentes mostram que a adoção do sobrenome do marido caiu 30% entre 2002 e 2022, enquanto o número de casais que decidiram manter seus sobrenomes aumentou em 41,5%.
Essas transformações nos sobrenomes e suas origens revelam muito sobre a história social e cultural do Brasil, refletindo mudanças nas dinâmicas familiares e nas tradições ao longo do tempo.