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A rebelião feminina contra a convocação militar no Brasil
30 de agosto de 2025 / 10:50
Foto: Divulgação

O Motim das Mulheres, um episódio marcante na história de Mossoró, no Rio Grande do Norte, ocorreu há 150 anos, no dia 30 de agosto de 1875. Armadas com pedras, facas e utensílios domésticos, cerca de 300 mulheres saíram às ruas em protesto contra um decreto imperial que regulamentava o recrutamento militar, tanto para o Exército quanto para a Marinha. Esse movimento foi impulsionado pelo medo e pela dor que o alistamento causou, especialmente após a Guerra do Paraguai, que deixou muitas viúvas e órfãos na região.

O escritor e pesquisador Geraldo Maia do Nascimento explica que a revolta foi uma resposta direta à obrigatoriedade do alistamento militar, que visava substituir os muitos mortos na guerra. A legislação, considerada tardia, buscava garantir um contingente militar preparado para futuras batalhas, mas foi mal recebida pela população, que temia novas guerras.

O historiador Luís da Câmara Cascudo destaca que o ano de 1875 foi um período de intensa agitação política, e o decreto de recrutamento gerou uma série de protestos populares. Em várias localidades, como Aries e Canguaretama, homens e mulheres se uniram para atacar igrejas e destruir documentos relacionados ao alistamento. A participação ativa das mulheres foi notável, com relatos de que elas lideravam os protestos, defendendo seus filhos, maridos e noivos.

O papel das mulheres no Motim

  • As mulheres eram as mais vibrantes e corajosas durante os tumultos.
  • A líder Ana Floriano, descrita como uma mulher forte, foi uma figura central no movimento.
  • As mulheres marcharam armadas com utensílios domésticos e enfrentaram a polícia.
  • O motim resultou em feridos, mas também em um forte símbolo de resistência feminina.

Isaías Medeiros, artista plástico e pesquisador, destaca a importância da organização e coragem dessas mulheres. Elas não apenas rasgaram os editais de alistamento na porta da igreja, mas também invadiram o jornal local, onde os documentos estavam sendo produzidos. O arquivista Deoclecio Evaristo de Oliveira Júnior descreve o motim como um protesto de mães que lutaram pelo direito de seus filhos de não participarem de uma guerra.

A figura de Ana Floriano, casada com Floriano da Rocha Nogueira, é especialmente lembrada. Ela e outras mulheres, como Maria Filgueira e Joaquina de Sousa, foram fundamentais na organização do movimento. O Dicionário Mulheres do Brasil ressalta que essas mulheres eram mães respeitáveis e que suas ações chocaram a cidade.

Embora o motim tenha sido um ato de resistência que se limitou a um único dia, ele simboliza a luta das mulheres em um contexto machista e a coragem de se opor a decisões governamentais que afetavam suas famílias. O artista Medeiros enfatiza que, em suas obras, ele buscou dar rostos a essas mulheres que, embora muitas vezes anônimas na história, desempenharam um papel crucial na luta por seus direitos.