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Associação de Baianas critica ‘acarajé do amor’ e defende preservação da tradição sem influências modernas
2 de agosto de 2025 / 12:21
Foto: Reprodução

A Associação de Baianas de Acarajé (Abam), localizada em Salvador, divulgou uma nota de repúdio nesta sexta-feira (1º) em relação às modificações feitas na receita tradicional do acarajé, que agora se assemelha ao “morango do amor”, popularizado em Aracaju (SE) e Maceió (AL).

Tradicionalmente, o acarajé é servido com acompanhamentos como caruru, vatapá, camarão e salada vinagrete. No entanto, os novos bolinhos, conhecidos como “acarajé do amor”, estão sendo comercializados nessas cidades com adição de doce e morangos, o que gerou a insatisfação da Abam.

Defesa da Tradição

A Abam enfatizou a importância da tradição das baianas e do acarajé, afirmando que não aceita alterações na receita e no modo de preparo, considerando tais mudanças como “sem propósito”. O comunicado destaca: “Somos empreendedoras ancestrais e focadas na tradição deixada por nossos antepassados, sem surfar nas influências contemporâneas sem propósito”.

O Acarajé do Amor

Em Maceió, a iguaria é oferecida no Acarajé da Irmã Jane, mantendo uma semelhança com o acarajé tradicional, mas com recheios que incluem brigadeiro convencional, brigadeiro de leite em pó e morangos. Em Aracaju, os mini-acarajés são cobertos com brigadeiro de leite em pó e caramelo. Ingrid Carozo, uma das empreendedoras sergipanas, explicou que a ideia surgiu após o sucesso do “morango do amor”. “No dia que eu vi que o morango do amor estava em alta, comprei os ingredientes e junto com a cozinheira fizemos o acarajé do amor e divulgamos na rede social do nosso estabelecimento”, contou.

Ela também ressaltou que não tinha a intenção de desrespeitar a tradição: “Eu acho normal dividir opiniões, ninguém pensa igual a ninguém, a gastronomia pode ir além da nossa imaginação”.

Inovações na Gastronomia

O estabelecimento da família de Ingrid está em funcionamento há 26 anos na Zona Sul de Aracaju e é conhecido por suas receitas que inovam na forma de servir o acarajé, incluindo opções como:

  • acarajé-burguer;
  • acarajé com creme de avelã;
  • acarajé pizza;
  • espetinho de acarajé.

Além do “acarajé do amor”, outras inovações também geraram polêmica na Bahia. Recentemente, o acarajé rosa foi lançado em homenagem ao filme da Barbie, e outras versões como a barca de acarajé e abará, além de acarajés em formato de pizza, picolé e ovos de páscoa recheados, foram criadas por diferentes empreendedores, todas reprovadas pela Abam.

A Importância Cultural do Acarajé

O acarajé, um bolinho frito feito de massa de feijão, possui raízes profundas na cultura afro-brasileira. A massa é preparada com feijão fradinho, água, sal e cebola, e é tradicionalmente frita em azeite de dendê. Este quitute é considerado sagrado no candomblé e, por isso, sua receita se mantém preservada ao longo dos anos.

Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil desde 2005, o acarajé é um símbolo da resistência cultural e da herança deixada pelos escravos africanos. O ofício das baianas, que remonta ao período colonial, é celebrado anualmente no Dia Nacional da Baiana do Acarajé, em 25 de novembro.

As baianas de acarajé continuam a desempenhar um papel vital na preservação dessa tradição, que é muito mais do que um simples alimento; é um elemento central da cultura e da religiosidade afro-brasileira.