
O Banco Central (BC) indicou que o ano de 2026 será fundamental para o setor imobiliário brasileiro, funcionando como um período de transição e aprendizado com a implementação do novo modelo de crédito imobiliário. Essa informação foi destacada pelo diretor de Regulação do BC, Gilneu Vivan, durante evento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), realizado em Brasília. De acordo com Vivan, a adaptação será gradual e pode se estender por um período prolongado, permitindo uma inserção mais segura e eficaz do novo sistema.
Apesar do novo modelo começar a vigorar plenamente em 2027, as duas estruturas de crédito imobiliário conviverão em 2026. Os recursos provenientes da revisão do compulsório serão aplicados no novo sistema, enquanto o saldo vinculado ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) continuará operando sob as regras antigas. Essa estratégia visa garantir que as instituições financeiras tenham tempo para entender as mudanças, seus impactos e o ritmo de adaptação necessário.
Uma das principais mudanças envolve a captação de recursos via instrumentos de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), reduzindo a dependência da poupança tradicional. No novo formato, ao atingir as metas de direcionamento, os bancos poderão utilizar recursos da poupança para operações que apresentem maior rentabilidade, o que pode resultar em juros menores para os consumidores.
Outra alteração importante é que o direcionamento do crédito passará a ser calculado com base no fluxo das contratações, e não mais no estoque. Isso permitirá que o crédito imobiliário funcione com multiplicadores maiores, sendo que atualmente R$ 1 de poupança gera R$ 1 em crédito, mas no novo modelo este multiplicador pode variar entre 1,4 e 1,8, de acordo com as características das operações.
Gilneu Vivan também ressaltou que as discussões sobre os prazos e condições das LCIs envolverão o Ministério da Fazenda, considerando medidas para atrair investidores institucionais, diminuir os riscos associados ao pré-pagamento e ampliar as fontes de funding. Estas ações podem provocar uma redução de até 1 ponto percentual nas taxas de juros cobradas.
Adicionalmente, o BC publicou um estudo envolvendo contratos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), identificando que modelos que incluem uma amortização adicional podem diminuir a sensibilidade das prestações à inflação, tornando os custos mais previsíveis para os tomadores.
Com essas mudanças, o Banco Central espera que, durante os próximos anos, o mercado evolua com maior securitização e atração de investidores com capacidade financeira mais ampla, ampliando, assim, a oferta de crédito imobiliário no país e contribuindo para o desenvolvimento do setor.