O famoso bloco carnavalesco Virgens de Tambaú, que há anos é uma tradição nas prévias do Carnaval em João Pessoa, foi oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial da Paraíba. A Lei nº 13.812, que confere esse título, foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE-PB) no último sábado (2).
A proposta para o reconhecimento do bloco é de autoria do deputado estadual Felipe Leitão (Republicanos) e recebeu a sanção do governador João Azevêdo (PSB). Com a nova legislação, o Poder Executivo deverá implementar ações por meio dos órgãos competentes para garantir a proteção, valorização e promoção do bloco, assegurando sua continuidade como uma das mais autênticas expressões da cultura popular paraibana.
O bloco Virgens de Tambaú foi fundado em 1987 de forma improvisada e, exceto durante a pandemia de Covid-19, manteve-se ativo. A ideia nasceu entre amigos que frequentavam a praia de Tambaú, inspirados em outros blocos de mesmo estilo que já existiam em diferentes cidades, onde homens se vestiam de mulheres. A proposta era criar uma alternativa para os foliões de João Pessoa, evitando que eles precisassem se deslocar para participar de festas semelhantes.
Como surgiu o bloco
A inspiração para as Virgens de Tambaú veio das Virgens do Bairro Novo, em Olinda. No final da década de 1980, um grupo de amigos, incluindo membros de uma renomada seleção de vôlei da Paraíba, decidiu criar um bloco irreverente. Inicialmente, contavam com apenas 20 participantes, mas o número cresceu rapidamente, alcançando 50 foliões na primeira edição, conforme relembra Zeba Lyra, um dos fundadores e atual diretor do bloco.
Zeba contou: “Entramos pela Nego, passamos pela João Maurício, voltamos pela Avenida Olinda. Saímos com 20 pessoas e chegamos com 50. Pena que nós não tenhamos imagens, porque naquela época não havia celular.”
Embora não haja registros oficiais da estreia, o bloco ganhou notoriedade no ano seguinte, quando uma nova reunião ocorreu na casa de Fernando Bonatti, reunindo centenas de pessoas. Assim, nasceu um dos maiores eventos do pré-carnaval pessoense, que continuou a crescer a cada ano, atingindo a marca de 500 participantes na edição seguinte.
Infelizmente, Zeba Lyra faleceu em 30 de março deste ano, vítima de problemas cardíacos. Ele foi um dos fundadores do bloco e, na época de sua morte, ocupava o cargo de diretor executivo. A família autorizou a doação de órgãos, e o bloco lamentou profundamente a perda de um de seus líderes.
Nos primeiros anos do bloco, Iago Carneiro era apenas uma criança, mas já mostrava entusiasmo em participar do evento. Hoje, ele é o presidente do Virgens de Tambaú e compartilha: “Quando eu ia muito criança, ficava em cima do trio e assim que eu cresci, já gostava de estar dentro de produção, de trio, então minha vibe sempre foi estar fazendo aquela coisa fluir.”
Com o passar do tempo, as Virgens de Tambaú se transformaram de uma pequena caminhada animada em um dos maiores blocos de arrasto do Nordeste. A cidade de João Pessoa abraçou a ideia, e o evento se consolidou no calendário do pré-carnaval, atraindo milhares de foliões a cada edição.