
Estudantes de medicina de uma universidade particular no Rio Grande do Norte estão recebendo treinamento em Língua Brasileira de Sinais (Libras) com o objetivo de melhorar a acessibilidade para a comunidade surda durante atendimentos médicos. O projeto, intitulado Libras na Saúde, inclui uma variedade de atividades como aulas expositivas, palestras, workshops práticos e simulações de atendimento, além de disponibilizar materiais de estudo e recursos online. Este treinamento ocorre em um momento significativo, já que no próximo domingo (21) será celebrado o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência.
A iniciativa é promovida pelo curso de medicina da Universidade Potiguar (UnP) em colaboração com o Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão (Napi). De acordo com a universidade, o conteúdo do projeto abrange desde noções básicas de Libras até aspectos culturais da comunidade surda, técnicas de comunicação visual e métodos para tornar a prática médica mais empática, preparando os alunos para atender pacientes surdos.
As atividades são realizadas tanto em sala de aula quanto em instituições parceiras, como a Associação de Surdos de Natal. O professor e coordenador do projeto, Francisco Aldemir, enfatiza que o objetivo é formar profissionais capacitados para oferecer um atendimento digno, inclusivo e humanizado.
Além de capacitar futuros médicos para atender pacientes surdos, o projeto também promove a inclusão de estudantes com deficiência, fortalecendo a troca de experiências na comunidade acadêmica. Um exemplo é Vitória Bruniery, que possui deficiência auditiva unilateral parcial e sempre teve interesse em aprender Libras. Para ela, participar do projeto foi uma oportunidade de tornar o cuidado em saúde mais acessível e se preparar melhor para acolher seus futuros pacientes.
“Não há nada mais angustiante do que querer ajudar alguém ou simplesmente entender o que a pessoa precisa e não conseguir por falta de comunicação. Só entendemos a importância da comunicação quando não conseguimos tê-la”, afirma Vitória. Ela ressalta que sua deficiência lhe proporcionou uma nova perspectiva sobre o cuidado, tornando-a mais atenta, empática e determinada a oferecer um atendimento mais humano e inclusivo.
A estudante Hiromi Macêdo, prestes a se formar, compartilha uma experiência marcante durante seu estágio no Centro Integrado de Saúde (CIS), que faz parte da Rede SUS. “Tive a oportunidade de atender uma paciente surda e foi um momento emocionante e gratificante, porque, graças ao projeto de Libras, pude me comunicar com ela sem intermediários. Essa conexão sem barreiras foi o diferencial no atendimento”, relembra.
Para Hiromi, o aprendizado de Libras transcende a técnica, representando um compromisso com a equidade em saúde. “Percebi como o projeto é fundamental, pois nos prepara para atender de forma inclusiva, garantindo que o paciente surdo se sinta acolhido e compreendido. Aprender Libras não é apenas adquirir uma habilidade a mais, mas assumir a responsabilidade de facilitar o acesso à saúde”, conclui.