
Durante o carnaval no Bairro do Recife, catadores de materiais recicláveis enfrentaram desafios relacionados à remuneração e à falta de equipamentos de proteção adequados. Em uma conversa com Gustavo da Silva, de 33 anos, ele compartilhou que, para cada quilo de alumínio, são necessárias cerca de sessenta latinhas. Ele trabalhou arduamente, recolhendo latinhas e conseguiu ganhar R$ 100 ao longo de oito horas de trabalho.
A prefeitura do Recife informou que, até a noite de terça-feira (4), os catadores conseguiram coletar 26 toneladas de materiais recicláveis. O preço do quilo do alumínio variou: enquanto o ponto de troca pagava R$ 7,50, os catadores cadastrados na Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) recebiam R$ 8,50, desde que entregassem pelo menos 10 quilos do material. No entanto, muitos catadores, como Jailson Oliveira, reclamaram do valor, mencionando que em outros pontos da cidade o quilo era vendido por R$ 9, levando alguns a optar por não se cadastrar.
Além do alumínio, outros materiais também foram recolhidos e seus preços eram:
- PET: R$ 2,90/Kg
- Plástico: R$ 1/Kg
- Papel e papelão: R$ 0,40/Kg
- Vidro: R$ 0,10/Kg
Devido aos baixos preços, muitos catadores focaram apenas nas latinhas, que ofereciam um retorno mais significativo.
Wallyson Câmara, de 22 anos, relatou que seu domingo de carnaval foi difícil, resultando em apenas R$ 37. Ele destacou que a competição entre os catadores é intensa, com muitos se revezando nos lixeiros para garantir a coleta das latinhas.
Pedro Júlio, de 19 anos, e Edenildo Nascimento, de 35 anos, decidiram trabalhar em dupla, dividindo o trabalho de coleta. Eles também comentaram sobre a falta de equipamentos de proteção. Apesar de a prefeitura ter prometido distribuir coletes e luvas, muitos catadores, como Pedro, não receberam as luvas, o que levantou preocupações sobre a segurança no trabalho.
Os catadores mencionaram que as luvas distribuídas eram de plástico e não ofereciam proteção adequada. Edenildo, por exemplo, preferiu não usá-las, alegando que não eram eficazes para o manuseio do alumínio. Bruno Rodrigues, responsável pela gestão de resíduos, confirmou que a quantidade de luvas adequadas era insuficiente para todos os 1.111 catadores cadastrados.
A prefeitura do Recife se manifestou, reconhecendo a importância dos catadores na cadeia produtiva do carnaval. Entre as ações tomadas, destacaram a criação da “Casa Recife Carnaval”, que acolheu catadores não cooperados e ofereceu um ponto de comercialização seguro. A prefeitura também disponibilizou alimentação, dormitório, banheiros equipados e assistência social para os trabalhadores.
Os catadores receberam kits de segurança, que incluíam coletes, bonés, sacos resistentes e luvas, embora a escolha das luvas tenha seguido critérios técnicos e regulamentares. A prefeitura ressaltou que os valores pagos pelos materiais foram definidos por negociações com o setor, seguindo parâmetros de mercado, e que as operações formalizadas exigem condições de trabalho e segurança adequadas.