
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, fez um pronunciamento nesta quarta-feira (6) sobre os impactos da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Segundo Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), pelo menos 27 contêineres com mercadorias cearenses destinados ao mercado norte-americano tiveram seu embarque interrompido. Dentre esses, 20 contêineres continham castanha de caju e sete eram destinados à exportação de pescados.
Para mitigar os efeitos dessa tarifa, o governo do Ceará está considerando a aquisição dessas mercadorias para distribuição na merenda escolar. A Fiec estima que cerca de 8 mil postos de trabalho poderão ser afetados no estado, devido ao aumento dos custos para os consumidores americanos e à consequente redução na demanda por produtos brasileiros.
Medidas Anunciadas pelo Governador
Elmano de Freitas anunciou uma série de medidas para amenizar os impactos do tarifaço, que incluem:
- Auxílio financeiro às empresas exportadoras para os Estados Unidos;
- Compra de produtos dessas empresas para atender a equipamentos do governo;
- Antecipação de pagamento de créditos;
- Aumento de incentivos fiscais;
- Criação de um Comitê Estratégico para monitorar a implementação dessas medidas.
O governador também destacou a importância do diálogo com os setores mais afetados, como pescados, castanha de caju, água de coco, cera, couros e calçados. Ele enfatizou a necessidade de ouvir as demandas de cada setor para que as decisões possam ser compartilhadas e mais efetivas.
Estratégias para Enfrentar o Tarifaço
Além das reuniões com os setores impactados, o governo do Ceará está trabalhando para acelerar as exportações antes da implementação da tarifa, que começa em 6 de agosto. Elmano mantém contato com as superintendências da Receita Federal e do Ibama, assim como com o Porto do Mucuripe, para facilitar o desembaraço das mercadorias.
Outra estratégia envolve a busca por novos mercados. O governador já agendou uma reunião com o Consulado da China, visando diversificar os destinos das exportações cearenses. Ele se comprometeu a fazer o que for necessário para proteger os produtores e a economia local das consequências negativas da tarifa.
Impacto da Tarifa nos Produtos Cearenses
Os produtos de siderurgia, que representam a maior parte das exportações cearenses, foram poupados das tarifas, ao contrário dos pescados, que enfrentam uma taxação significativa. Em 2024, os pescados foram o segundo item mais exportado pelo Ceará para os Estados Unidos, totalizando US$ 54 milhões, sendo que US$ 52 milhões foram destinados ao mercado americano.
O Ceará é o estado brasileiro com maior dependência das exportações para os Estados Unidos, com 44,9% de suas vendas externas direcionadas a esse país. Em comparação, o Espírito Santo, o segundo estado mais dependente, enviou 28,6% de suas exportações para os EUA.
Perspectivas Futuras
Embora a diversificação de mercados seja uma estratégia desejada, ela requer tempo e novos contatos, o que pode ser um desafio diante da urgência imposta pelas tarifas. O governo do Ceará está, portanto, buscando alternativas imediatas, como negociações com o governo americano para uma possível redução das tarifas.