
Atualmente, todo o pistache consumido no Brasil é importado, mas uma iniciativa de agricultores cearenses busca transformar a Serra da Ibiapaba em um polo de produção nacional. Embora o país não cultive o fruto, a demanda crescente por pistache, especialmente em datas festivas como Páscoa e Natal, tem motivado essa proposta.
Nos últimos três anos, os agricultores têm defendido a viabilidade do cultivo do pistache na região serrana do Ceará. Essa planta, que se adapta a climas quentes, requer, no entanto, períodos de temperaturas baixas para se desenvolver adequadamente. A jornada para a produção local é complexa e lenta, enfrentando desafios burocráticos e naturais. Além disso, a primeira safra pode levar até dez anos para ser colhida após o início do cultivo.
Origem do Pistache
O pistache possui uma longa história de cultivo, originando-se nas montanhas do Oriente Médio e mencionado em textos bíblicos como um dos melhores produtos da terra. No Brasil, a nozes de pistache têm se tornado cada vez mais populares, com as importações triplicando nos últimos dois anos. De acordo com dados da Comex Stat, as importações passaram de 350 toneladas em 2022 para mais de mil toneladas até novembro de 2024, com os Estados Unidos e o Irã dominando o mercado global, representando cerca de 75% da produção mundial.
O pistache que chega ao Brasil é influenciado pelas flutuações do preço do dólar, e a produção local poderia oferecer uma alternativa mais acessível ao mercado interno.
Características da Planta
O pistacheiro, originário da Pérsia, pertence à mesma família do cajueiro e da mangueira, mas requer condições climáticas diferentes. Enquanto as outras plantas se adaptam bem a climas quentes, o pistacheiro necessita de temperaturas frias, conforme indicado pela Embrapa Agroindústria Tropical. O ciclo reprodutivo completo da árvore leva cerca de dez anos, podendo viver até 100 anos se bem cuidado. Nos Estados Unidos, a produção se concentra na Califórnia, onde as condições climáticas são favoráveis ao cultivo.
Passos para a Produção no Ceará
Em 2022, a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) expressou a intenção de tornar o estado o primeiro produtor de pistache do Brasil, após uma visita a plantações na Califórnia. A ideia é testar a viabilidade do cultivo na Serra da Ibiapaba, que, com sua altitude média de 900 metros e temperaturas amenas, poderia ser um local adequado. No entanto, até o momento, a Faec informou que o material genético necessário para o cultivo ainda não foi definido.
Os principais desafios identificados para a produção do pistache no Ceará incluem:
- Condições técnicas para o cultivo: A planta precisa de um clima frio, com temperaturas abaixo de 10°C por 2 a 3 meses consecutivos, o que é um desafio no Ceará.
- Ausência de material genético: A importação de germoplasma requer autorização do Ministério da Agricultura e Pecuária, um processo que pode levar até um ano, seguido de uma quarentena de seis meses antes do plantio.
Caso as etapas necessárias sejam cumpridas e a planta se adapte ao solo cearense, a primeira safra ainda levaria cerca de dez anos para ser colhida. Além disso, a Faec precisaria estruturar a cadeia de processamento do pistache.
Um estudo preliminar do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) já havia sugerido, em 2005, a possibilidade de cultivar pistache no Brasil. No entanto, devido ao longo período até o retorno econômico, o estudo sugere que a produção de pistache poderia ser combinada com cultivos mais rápidos, como uvas, especialmente na região de Petrolina e Juazeiro, que já possui tradição na agricultura e recursos hídricos abundantes. Outras regiões mais frias do Sul e Sudeste do Brasil também foram mencionadas, mas até agora não há iniciativas concretas para o cultivo do pistache nessas áreas.