
Cerca de 400 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram a ocupação de uma fazenda localizada na Zona Rural de Petrolina, às margens da PE-647, desde a madrugada do último domingo (6). Segundo as lideranças do movimento, a área, que abrange aproximadamente 500 hectares, está em processo de desapropriação e se encontra abandonada, sem fornecimento de água e energia elétrica há duas décadas.
O principal objetivo dessa ocupação é chamar a atenção do governo para a situação da propriedade, acelerar os trâmites burocráticos e impedir que o imóvel seja leiloado, uma vez que a empresa proprietária, que decretou falência, enfrenta diversos processos judiciais trabalhistas.
A ação faz parte do “Abril de Lutas”, uma jornada nacional promovida anualmente pelo MST em memória do Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, quando 21 agricultores foram mortos pela Polícia Militar.
Na segunda-feira (7), uma reunião foi realizada com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que confirmou a existência de um procedimento administrativo em andamento para desapropriar a fazenda Copafruit em Petrolina, destinando-a ao Plano Nacional de Reforma Agrária. O Incra, no entanto, enfatizou que não apoia ou coordena ocupações desse tipo.
A empresa Metafruit, proprietária da fazenda, emitiu uma nota na mesma segunda-feira esclarecendo os eventos. De acordo com a nota, a propriedade foi invadida ilegalmente por um grupo de pessoas armadas com instrumentos cortantes, que arrombaram o portão principal e expulsaram os vigilantes que estavam na propriedade, configurando uma grave violação da ordem legal.
A Metafruit destacou que a área foi adquirida legalmente há cerca de um ano por meio de arrematação judicial, com todos os pagamentos devidos realizados. A empresa está em dia com suas obrigações fiscais e tributárias e vem investindo em estudos técnicos e projetos de infraestrutura para desenvolver um projeto de fruticultura irrigada na região, o que promete gerar centenas de empregos diretos e indiretos, além de promover desenvolvimento sustentável.
A empresa repudiou veementemente qualquer ato de violência e desrespeito à propriedade, ressaltando que a proteção da propriedade privada é garantida pela Constituição Federal e pela legislação vigente. Em resposta à invasão, a Metafruit registrou um boletim de ocorrência e entrou com uma ação de reintegração de posse em caráter de urgência, confiando na atuação das autoridades para restabelecer a ordem e garantir a segurança de todos os envolvidos.