
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quarta-feira, 10, uma projeção indicando que a economia brasileira deve crescer apenas 1,8% em 2026, um ritmo mais lento comparado ao crescimento do PIB estimado de 2,5% para este ano. A entidade atribui essa desaceleração a um cenário persistente de juros elevados, demanda interna fraca e menor dinamismo no mercado de trabalho, fatores que tendem a restringir investimentos e limitar a atividade produtiva no país.
Segundo a CNI, a taxa Selic deve finalizar 2026 em 12% ao ano. Apesar de ser um valor inferior ao atual, ainda estará acima do nível considerado neutro para o crescimento econômico. A inflação projetada para o próximo ano é de 4,1%, dentro da meta estabelecida pelo governo. Mesmo com essa redução, os juros reais permanecerão próximos a 8%, o que, conforme a visão da entidade, continuará a dificultar a expansão da indústria e de setores que dependem fortemente do crédito.
No âmbito setorial, a indústria de transformação deverá ser a mais impactada, com crescimento do PIB estimado de apenas 0,5%. Em contrapartida, o setor de serviços segue como líder da atividade econômica, com uma expectativa de alta de 1,9%. A construção civil desponta como um setor com melhor desempenho, beneficiada pelo aumento do crédito imobiliário, pelo fortalecimento dos programas habitacionais e pela ampliação do financiamento para reformas em residências de baixa renda.
Quanto ao comércio exterior, a CNI destaca que novos acordos comerciais têm ajudado a compensar parte dos efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. No entanto, o avanço das exportações em 2026 deve ser limitado devido a uma safra menos robusta, à valorização do real e à menor demanda global, com uma projeção de crescimento exportador de 1,6%.
Diante desse cenário, a Confederação Nacional da Indústria avalia que o crescimento econômico brasileiro continuará moderado e concentrado em segmentos específicos. Por isso, reforça a importância da implementação de políticas públicas direcionadas ao estímulo de investimentos produtivos e ao fortalecimento das cadeias industriais mais afetadas pelo custo elevado do crédito.