
O cometa interestelar 3I/ATLAS, que atravessa o Sistema Solar e terá aproximação com Júpiter prevista para 2026, voltou a ser foco de debates após um estudo recente do astrofísico Avi Loeb, da Universidade de Harvard. Em seu artigo, Loeb apontou que o cometa exibe um padrão luminoso periódico, comparado a um “batimento cardíaco”, o que indicaria a existência de um mecanismo interno ainda não totalmente compreendido pela ciência.
A observação de pulsos luminosos em intervalos regulares de 16,16 horas vem acontecendo desde julho. Estudos anteriores publicados no Astronomy and Physics atribuíram essa oscilação à rotação do núcleo do cometa, explicação tradicional para esse tipo de fenômeno. Contudo, Loeb rejeita essa hipótese, ressaltando que somente cerca de 10% da luz detectada provém do núcleo, enquanto a maior parte da emissão se origina na coma, a nuvem de gás e poeira ao redor. Para ele, os pulsos estariam ligados a jatos de material que variam em intensidade de maneira cíclica.
Além disso, o pesquisador levantou hipóteses mais especulativas, entre elas a possibilidade de que esses jatos funcionem como propulsores capazes de corrigir a trajetória do cometa. Segundo sua interpretação, as oscilações de luz poderiam estar associadas a ajustes de rota ou a alguma função tecnológica desconhecida. Loeb chegou a mencionar que a aproximação de 3I/ATLAS a Júpiter poderia indicar uma “missão de semeadura”, sugerindo emissão de dispositivos para coleta de dados.
Porém, a comunidade científica majoritariamente adota explicações naturais para o fenômeno. Astrônomos destacam que variações rítmicas na luminosidade do cometa podem ocorrer devido à rotação do núcleo, à sublimação de gelo em áreas específicas da superfície ou à própria geometria da coma, que pode amplificar pequenas mudanças na emissão de luz.
A NASA reforçou que não há evidências de tecnologia ou origem artificial no cometa 3I/ATLAS. A agência espacial destacou que o comportamento luminoso observado está alinhado com o esperado para cometas ativos, não sustentando teorias sobre engenharia extraterrestre.
O monitoramento do cometa continuará até sua aproximação com Júpiter em 2026. Pesquisadores acreditam que a análise da orientação dos pulsos luminosos em relação à posição do Sol poderá esclarecer se a fonte é natural — caso esteja relacionada com a influência solar — ou algum outro mecanismo. Para a ciência, o 3I/ATLAS representa uma oportunidade valiosa para o estudo de corpos interestelares.