
A fase diocesana do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista, conduzida pela Igreja Católica, chegou ao fim e os documentos serão enviados ao Vaticano em junho. Este processo teve início em novembro de 2022 e envolveu um levantamento detalhado sobre a vida, escritos e virtudes do religioso.
Na última segunda-feira (19), a Diocese do Crato anunciou a conclusão dessa fase, que foi compilada em 10 volumes. O encerramento do inquérito diocesano será celebrado com uma sessão aberta ao público no dia 7 de junho, às 19h, na Basílica Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte. Após esse evento, toda a documentação será encaminhada para Roma, dando início à fase romana do processo.
Atualmente, o Padre Cícero é reconhecido como Servo de Deus, um título concedido a aqueles que estão no início do processo de beatificação. Se o Papa reconhecer suas virtudes ao final da fase romana, ele poderá ser elevado à condição de Venerável Servo de Deus.
Documentação extensa e detalhada
Os documentos coletados durante a fase diocesana somam cerca de 10 mil páginas. Esta etapa, chamada “Inquérito sobre a vida e as virtudes do Servo de Deus”, apresenta uma biografia bem documentada. O relatório da Comissão Histórica, que faz parte desse inquérito, possui aproximadamente 200 páginas, enquanto os escritos do padre Cícero totalizam mais de 850 páginas, conforme explica o padre Wesley Barros, vice-postulador da causa.
Além disso, o inquérito inclui dez obras literárias sobre o padre Cícero e testemunhos de mais de 60 pessoas que tiveram contato com sua história. O padre Wesley Barros destaca que um dos capítulos do relatório é dedicado às “Graças Alcançadas”, que busca comprovar que o Servo de Deus foi venerado e invocado desde sua morte.
Todo o material foi meticulosamente microfilmado e digitado, incluindo cartas escritas desde 1934 até os dias atuais. O vice-postulador menciona que uma das dificuldades enfrentadas foi a coleta de documentos relevantes que fundamentassem as provas documentais.
Próximos passos no processo de beatificação
Após quase dois anos e meio de trabalho, a fase diocesana se encerra, permitindo que a fase romana comece, que também é conhecida por sua duração prolongada. Nesta nova etapa, o material será analisado pelo Dicastério para a Causa dos Santos em Roma. A tramitação incluirá a redação de uma tese com cerca de 300 páginas sobre o Servo de Deus, que servirá de base para análises e votações entre os teólogos do Dicastério.
Os próximos passos no processo de beatificação incluem:
- Envio do primeiro inquérito da fase diocesana para Roma, previsto para junho deste ano.
- Início da fase romana do primeiro inquérito, que pode levar o Padre Cícero ao título de Venerável Servo de Deus.
- Fase diocesana de um segundo inquérito, buscando comprovar um milagre atribuído ao Padre Cícero.
- Fase romana do segundo inquérito, que poderá tornar o Padre Cícero um beato da Igreja Católica.
O Padre Cícero, que faleceu sem a permissão para celebrar missas, recebeu o perdão da Igreja Católica em 2015, após as punições relacionadas aos chamados “fatos extraordinários” envolvendo a beata Maria de Araújo em 1889. O processo de beatificação avançou durante o pontificado do Papa Francisco, que autorizou a abertura do processo em agosto de 2022.
Dom Magnus Henrique Lopes, atual bispo da Diocese do Crato, expressa sua satisfação em dar continuidade a uma causa iniciada por bispos anteriores. Ele ressalta que, apesar da espera pelas fases do processo, os romeiros já vivenciam uma profunda relação com o Padre Cícero, marcada pela fé e pela oração.
A aposentada Maria das Dores Bernardino, uma das pessoas ouvidas na Comissão Histórica, compartilha sua devoção, que se originou da história de sua mãe, que se recuperou de uma grave doença após fazer uma promessa ao Padre Cícero.