
Um estudo recente publicado na revista iScience, no dia 3 de maio, indica que a convivência diária com cães pode trazer benefícios ao comportamento psicossocial de crianças e adolescentes. Realizada por cientistas da Universidade de Azabu, no Japão, a pesquisa avaliou 343 jovens saudáveis, sendo 96 deles moradores com cães, e relacionou o contato com esses animais a mudanças na microbiota e melhorias em indicadores de saúde mental.
Segundo os dados coletados, adolescentes que conviviam com cães aos 13 anos apresentaram, ao completar 14 anos, menores índices de isolamento social, problemas de cognição, comportamentos delinquentes e agressividade. Embora estudos anteriores já tenham evidenciado benefícios emocionais da presença dos cães, esta é a primeira pesquisa a sugerir que a microbiota tem um papel importante nesse contexto.
A análise das amostras de saliva dos participantes revelou 12 tipos de bactérias, incluindo gêneros como Streptococcus e Prevotella, que estavam menos presentes em adolescentes que não tinham cães. Os pesquisadores afirmam que a troca contínua de microrganismos entre humanos e animais pode influenciar processos fisiológicos ligados à regulação emocional, mas ressaltam que são necessários outros estudos para esclarecer essa relação.
Para investigar efeitos diretos da microbiota, a equipe transplantou saliva de adolescentes para camundongos. Os roedores que receberam microrganismos de jovens que conviviam com cães demonstraram maior sociabilidade e comportamentos associados à aproximação e interação social, características relacionadas à empatia. Além disso, as variações nas bactérias intestinais desses animais estavam correlacionadas às mudanças comportamentais observadas.
Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores destacam que não foi analisada a microbiota dos próprios cães, o que limita conclusões sobre a origem das bactérias compartilhadas. Ainda assim, os dados comprovam que adolescentes que vivem com cães apresentam um perfil microbiano diferenciado, o qual está ligado a melhores resultados sociais e emocionais. Esse estudo reforça a importância da convivência com cães para a saúde mental e o comportamento social na adolescência.