
O deputado Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, foi eleito na tarde deste sábado (1º) como o novo presidente da Câmara dos Deputados, cargo que ocupará pelos próximos dois anos. A eleição foi anunciada pelo ex-presidente Arthur Lira, com o resultado sendo divulgado às 18h51.
O processo eleitoral contou com a participação de 499 dos 513 deputados, resultando nos seguintes votos:
- Hugo Motta (Republicanos-PB): 444 votos (eleito)
- Marcel Van Hattem (Novo-RS): 31 votos
- Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ): 22 votos
- Em branco: 2 votos
Em seu primeiro discurso como presidente, Motta enfatizou a importância da democracia e da estabilidade econômica, afirmando que “é preciso deixar o Brasil passar”. Ele destacou que a inflação e a instabilidade econômica são prejudiciais, especialmente para os mais pobres. “Defenderemos a democracia porque defenderemos também as melhores práticas e políticas econômicas. Defender estabilidade econômica é defender a estabilidade social”, declarou.
O novo presidente também fez referência ao ex-deputado Ulysses Guimarães, lembrando sua contribuição para a Constituição. “Essa é a cadeira do pai de nossa Constituição, Ulisses Guimarães. Assumo a presidência da Câmara dos Deputados com três compromissos: servir ao Brasil, servir ao Brasil, servir ao Brasil”, afirmou.
Motta reiterou a importância de um parlamento forte, citando Ulysses Guimarães ao afirmar: “Tenho ódio e nojo à ditadura”. Ele defendeu que a força do parlamento é essencial para a democracia e agradeceu aos jornalistas presentes, ressaltando que “não há democracia sem imprensa livre e independente”.
O novo presidente criticou o sistema de presidencialismo de coalizão, descrevendo-o como um “mecanismo político perverso”, que permite o aluguel do poder do Legislativo ao Executivo. Além disso, Motta defendeu a obrigatoriedade do governo em pagar as emendas parlamentares, mencionando que a adoção das emendas impositivas em 2016 foi um passo importante para a recuperação da autonomia do parlamento.
Ele também destacou a necessidade de harmonia entre os poderes, afirmando que “poderes têm a obrigação de não apenas serem independentes, mas de zelarem pela harmonia”.
Para encerrar seu discurso, Hugo Motta fez uma referência ao filme “Ainda estou aqui”, que aborda a ditadura militar, e deixou uma mensagem de otimismo: “ainda estamos aqui”. Essa frase remete à história de Eunice Paiva, que perdeu seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, durante o regime militar, simbolizando a luta pela memória e pela democracia.