
Bibi Amorim, a única bailarina cadeirante de Alagoas, é um exemplo de superação e luta por acessibilidade na cultura. Ela defende que todos têm o direito de vivenciar a arte, o lazer e os espaços culturais, independentemente de suas limitações físicas. Em Maceió, a discussão sobre acessibilidade nos espaços culturais tem ganhado destaque, e Bibi é uma voz ativa nesse movimento.
A bailarina, que se destacou nas redes sociais, compartilha sua experiência e incentiva outras pessoas a se movimentarem. Em entrevista, Bibi falou sobre a importância da acessibilidade nos espaços culturais da capital e como, muitas vezes, o direito ao lazer é negado às pessoas com deficiência.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) foi contatada para esclarecer as ações em andamento para garantir acessibilidade nos locais culturais de Maceió.
Bibi Amorim não tinha o sonho de ser bailarina, mas sua paixão pela dança surgiu durante uma apresentação em uma academia, que se tornou sua escola por anos. Desde então, ela não parou de dançar. “Todo corpo dança. Aprendi isso dançando. Existem diversas formas de comunicar, e a arte é uma das mais belas formas de expressão. O corpo inteiro fala”, afirma Bibi.
Carregando com orgulho o título de única bailarina cadeirante do estado, Bibi já foi reconhecida em um programa nacional, mas ainda observa que as pessoas com deficiência precisam de mais atenção e inclusão. Ela nasceu com mielomeningocele, que a deixou paraplégica, mas encontrou na dança uma maneira de superar desafios desde a infância.
Acessibilidade e Cultura
Durante as festividades juninas, Bibi destaca que todos devem ter a oportunidade de celebrar. Embora Maceió tenha camarotes para pessoas com deficiência nas festas de São João, a bailarina enfatiza que a acessibilidade deve ser uma prioridade o ano todo. Ela aponta que muitos espaços culturais ainda não são acessíveis, com plateias em teatros sem rampas e palcos que não permitem o acesso a artistas com deficiência.
“Os teatros não têm acessibilidade!”, lamenta Bibi, mencionando que as ruas do bairro histórico do Jaraguá, que abriga importantes centros culturais, também carecem de acessibilidade. “Ainda falta olhar para o PCD como alguém que consome arte e se diverte, e não como alguém que vive isolado. Essa falta de acessibilidade é um dos motivos pelos quais muitos PCDs não saem de casa”, acrescenta.
Neste mês de junho, Bibi tem se apresentado em diversas festividades juninas e não pretende parar. Sua agenda está repleta de compromissos, e ela busca mostrar que a dança é para todos, independentemente das limitações físicas. “Precisamos de oportunidades e visibilidade. Não devemos ser vistos apenas como exemplos de superação, mas como pessoas que vivem e são protagonistas de suas próprias vidas”, compartilha a bailarina.
Além dos desafios artísticos, Bibi destaca as dificuldades enfrentadas nas ruas de Maceió. “As calçadas estão esburacadas e os motoristas não respeitam os sinais, o que torna a travessia muito difícil”, relata.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) afirmou que todos os projetos de requalificação de espaços públicos em Maceió incluem diretrizes de acessibilidade, conforme a legislação vigente. A Seminfra também se compromete a garantir que praças, canteiros e calçadões sejam acessíveis e inclusivos para pessoas com deficiência. Para imóveis privados, a responsabilidade pela manutenção das calçadas é dos proprietários, conforme a legislação municipal.