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Descoberta de fósseis de pterossauros no Nordeste: especialista comenta a importância da pesquisa
8 de outubro de 2025 / 14:26
Foto: Divulgação

Fósseis de pterossauros, répteis voadores que habitaram a Terra há aproximadamente 100 milhões de anos, foram encontrados pela primeira vez no estado do Piauí. A descoberta ocorreu em Simões, a 441 km de Teresina, e foi liderada pelo professor doutor Paulo Victor de Oliveira, da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Histórico da Descoberta

O professor Paulo Victor relatou que os fósseis foram coletados em um dos sítios que a equipe estuda desde 2014. Em 2020, foram coletados e, recentemente, um artigo foi publicado detalhando essa ocorrência. Os fósseis consistem em ossos longos e delicados, pertencentes a um pterossauro adulto e outro mais jovem.

As amostras, especificamente duas falanges de asas, foram recuperadas no sítio Capim Grande, que faz parte da Formação Romualdo, localizada na Bacia do Araripe. A pesquisa, publicada na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências, é um marco para a paleontologia brasileira, pois amplia a distribuição geográfica conhecida desses animais no país.

Detalhes dos Fósseis

A análise dos fósseis revelou que um deles pertencia a um animal jovem, ainda em crescimento, enquanto o outro era de um adulto que já havia alcançado seu tamanho final. Através de uma análise microscópica da estrutura óssea, os pesquisadores estimaram que esses pterossauros poderiam ter uma envergadura entre 3 e 3,1 metros.

Diferentemente das aves modernas, os pterossauros possuíam asas membranosas sustentadas por um dedo extremamente alongado. O material foi coletado em 2020 por pesquisadores do Laboratório de Paleontologia de Picos (LPP/UFPI), sob a coordenação do professor Paulo Victor.

Importância da Descoberta

O professor destacou que essa descoberta é o resultado de anos de pesquisa e evidencia que o Piauí guarda importantes capítulos da vida pré-histórica. O processo de preparação dos fósseis foi realizado no Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (URCA), no Ceará, sob a supervisão do professor doutor Renan Bantim.

Ele também enfatizou que esse registro não apenas expande a ocorrência de fósseis de pterossauros no Piauí, mas também ressalta a importância de investir em áreas subexploradas, que podem revelar muitos segredos sobre a vida pré-histórica. O professor ainda mencionou que o Piauí possui um grande potencial para novas descobertas e deve ser considerado nas regiões fossilíferas do Brasil.

A Bacia do Araripe e a Distribuição dos Pterossauros

Historicamente, a maioria dos registros de pterossauros na Bacia do Araripe, que abrange os estados de Pernambuco, Piauí e Ceará, estava concentrada no Ceará, com poucos registros em Pernambuco. Os cientistas afirmam que as descobertas recentes demonstram que os pterossauros estavam, na verdade, distribuídos por toda a Bacia onde aflora a Formação Romualdo.

O professor Paulo Victor esclareceu que essa descoberta preenche uma lacuna geográfica importante, provando que esses répteis estavam presentes em toda a extensão da Bacia do Araripe. Ele concluiu que essa pesquisa não é apenas um novo ponto no mapa paleontológico, mas também sugere que a aparente escassez de fósseis em algumas regiões pode ser resultado da falta de estudos adequados, e não da ausência real desses materiais.

Essa pesquisa foi uma colaboração entre a UFPI, a Universidade Regional do Cariri (URCA), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com o apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Paleovertebrados (INCT Paleovert).