
Cafeeiros da Bahia estão investindo no aprimoramento de suas práticas durante o cultivo e a colheita para garantir a qualidade do café produzido. O estado se destaca como o maior produtor de café do Nordeste e ocupa a quarta posição no Brasil, ficando atrás apenas de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Impacto na Economia
Segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), a área dedicada à cafeicultura no estado é de 133 mil hectares, com uma previsão de safra de 265.920 toneladas para este ano, o que equivale a 4,4 milhões de sacas. Este volume representa 8,2% da produção nacional, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2024, a Bahia exportou aproximadamente 81,6 mil toneladas de café, gerando uma receita de US$ 294.893.933 para a economia local. Entre janeiro e abril deste ano, as exportações somaram 33,3 mil toneladas, resultando em um retorno financeiro de US$ 199.724.098.
A produção no estado é predominantemente de dois tipos de grãos: arábica e conilon. A Bahia possui três polos de cultivo — cerrado, planalto e atlântico — que produzem grãos finos e aromáticos, ideais para cafés gourmets e blends.
Características dos Grãos
As diversas regiões produtoras conferem características únicas e de alta qualidade aos cafés baianos. A Chapada Diamantina, por exemplo, é conhecida por sua altitude elevada, clima ameno e solos ricos em matéria orgânica, condições que favorecem o cultivo do café arábica, que apresenta notas sensoriais complexas e um aroma refinado. Essa região possui a Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem (DO), que valida a relação entre as características do terroir e a qualidade do café.
Por outro lado, as regiões sudoeste, sul e extremo sul são mais conhecidas pela produção do café conilon, que é fundamental para a produção de blends e cafés expresso. As condições climáticas variam:
- No sudoeste, o clima é tropical, variando entre subúmido e seco;
- No sul e extremo sul, o clima é mais quente e úmido, com altitudes mais baixas.
Histórias de Sucesso na Cafeicultura
Produtores baianos têm se dedicado ao aprimoramento de suas práticas agrícolas. Silvaldo Silva Luz, de 64 anos, é um exemplo. Com uma tradição familiar que começou com seu bisavô em Ibicoara, na Chapada Diamantina, ele investiu em uma estufa para secagem dos grãos e utiliza produtos biológicos para preservar o meio ambiente. Desde que começou a produzir café especial, Silvaldo conquistou prêmios, incluindo o Rio Coffee Nation.
O presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes, ressalta a importância do cuidado na colheita e no processo pós-colheita para garantir a qualidade do café. O engenheiro agrônomo Rômulo Alexandrino destaca que a maturação adequada dos grãos é essencial para apurar os sabores e açúcares, tornando o café arábica mais valorizado no mercado.
A 252 km de Ibicoara, Ana Cristina Correia Gonçalves Paes, de 68 anos, e seu esposo mudaram sua abordagem para a produção de cafés especiais na Fazenda Ouro Verde, em Barra do Choça. Eles utilizam técnicas como colheita seletiva e atenção ao pós-colheita, além de adotar práticas sustentáveis, evitando agrotóxicos e reaproveitando resíduos da produção.
Compromisso com a Sustentabilidade
Rafael Peixoto Sol, de 44 anos, também segue o legado familiar no agronegócio. Ele é responsável pela parte agrícola de sua propriedade em Eunápolis e destaca a importância da sustentabilidade, mantendo 36% de reserva legal de mata e adotando práticas de coleta seletiva e controle de defensivos. Com três certificações sustentáveis, Rafael acredita que a Bahia tem avançado significativamente na agricultura, tanto em tecnologia quanto na geração de empregos.