
O Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, celebrado neste sábado (20), em 2025, tem um significado especial para Marco Antônio Santos, um estudante de 27 anos que decidiu mudar sua vida após realizar uma doação de medula para uma criança com câncer em dezembro de 2024.
Marco fez sua primeira doação seis meses após se inscrever como voluntário. A experiência foi tão impactante que ele optou por mudar de curso e agora estuda fisioterapia, com a intenção de trabalhar em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e ajudar crianças.
“Era a missão da minha vida. Não tem nada mais importante que eu possa fazer hoje. Doar medula óssea pra mim, era realmente a minha missão nessa terra. Salvar a vida de uma criança não tem preço. Então eu digo pra todo mundo: se cadastrar, ser um doador, talvez seja a coisa mais importante que você possa fazer na vida”, afirmou Marco.
Para comemorar a data, ele planeja doar sangue neste sábado no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi). O Dia Mundial do Doador de Medula Óssea visa incentivar o cadastro de novos voluntários e facilitar a busca por doadores compatíveis em todo o mundo.
Atualmente, no Piauí, mais de 100 mil pessoas estão registradas como doadoras de medula óssea, o que representa apenas 3% da população do estado. A compatibilidade genética entre doador e receptor é considerada rara, o que torna essencial a ampliação do número de voluntários.
“É muito difícil nos ambientes que frequento encontrar doadores. As pessoas têm muito medo, mas acredito que a maioria seja por desinformação mesmo. É algo muito feliz, satisfatório ser doador”, disse Marco.
De acordo com o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), o Piauí possui 9,14% dos cadastros na região Nordeste, ficando atrás de estados como Ceará (21,17%), Bahia (20,44%), Pernambuco (16,42%) e Paraíba (9,70%).
A Doação
Marco Antônio sempre teve curiosidade sobre doação de sangue. Quando soube que poderia ser doador, realizou sua primeira coleta no Hemopi no dia do seu aniversário, 2 de abril de 2024. No local, ele se informou sobre como poderia ajudar ainda mais e foi incentivado a se cadastrar como doador de medula óssea.
“Muita gente disse ‘ó, eu tô aqui há anos e nunca me chamaram’, ‘nunca doei’. Mesmo assim, eu saí do Hemopi sentindo uma alegria tão grande, só por estar ali disponível”, explicou o estudante.
Seis meses depois, Marco recebeu uma ligação do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que gerencia o Redome, informando que havia um paciente compatível com ele. “Foi uma alegria tão grande e um choque tão grande, porque foi tão pouco tempo. Já encontraram!”, recorda.
Ele aceitou prosseguir com o processo e fez exames para confirmar sua aptidão. A doação ocorreu em Curitiba (PR), com todas as despesas cobertas pelo Redome, incluindo passagens, hospedagem e alimentação.
“No hospital, quando conheci tudo de perto, isso me deu força. O pouquinho de medo que eu ainda tinha foi embora. Eu só queria fazer a doação. Essa experiência me mudou tanto que troquei até de curso. Comecei a fazer fisioterapia para trabalhar em UTI e na área oncológica, ajudando crianças”, relata Marco.
Após doar 1 litro de medula óssea, ele também se tornou doador de plaquetas e continua a doar sangue regularmente. Marco ainda não sabe quem recebeu sua medula, pois, segundo as regras, ele só poderá descobrir após um ano e oito meses. No entanto, é possível saber se o paciente está bem após seis meses.