
A três dias da implementação do tarifaço anunciado por Donald Trump, que afetará as exportações brasileiras, o Governo do Ceará intensifica suas ações para garantir a competitividade das empresas locais. O governador Elmano de Freitas, acompanhado de representantes das federações da indústria e da agricultura, além do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, se reuniu nesta terça-feira (29) para discutir os possíveis impactos das tarifas que os Estados Unidos devem impor a partir do dia 1° de agosto.
Durante a reunião, Elmano destacou a importância do diálogo e da negociação com o governo americano, enfatizando que até o dia 1º será fundamental intensificar essas conversas. “Sabemos que nos próximos dias teremos clareza sobre os resultados dessas negociações e estaremos prontos para enfrentar qualquer cenário que se apresente”, afirmou o governador.
O foco da discussão foi o Ceará, que destina mais da metade de suas exportações ao mercado americano. Entre os produtos mais vulneráveis às tarifas estão pescados, castanhas, cera de carnaúba e aço. O setor de pás eólicas também pode ser severamente impactado, especialmente em seu planejamento estratégico.
Como funcionam as tarifas?
As tarifas impostas são uma taxação adicional aplicada diretamente ao preço dos produtos. Por exemplo, um item que antes custava US$ 100 pode passar a custar US$ 150 devido a essa nova taxação. Isso resulta em perda de competitividade, podendo levar os importadores americanos a optarem por fornecedores de outros países, o que afetaria diretamente as indústrias cearenses.
O governador reiterou a necessidade de garantir alíquotas razoáveis nas transações comerciais e anunciou a formação de um grupo de trabalho que incluirá membros do governo estadual, das federações da indústria e agricultura do Ceará, além de representantes do governo federal. O objetivo é monitorar a situação de perto e estar preparado para adotar medidas que assegurem a competitividade das empresas cearenses a partir de 1º de agosto.
“Foi uma reunião crucial para que o vice-presidente tivesse acesso a informações detalhadas de cada setor e para que possamos nos organizar adequadamente até o dia 1º. Além de exportar, também compramos do mercado americano, o que torna essencial o diálogo com empresários dos EUA para sensibilizar o governo americano a tratar o Brasil de forma justa”, explicou Elmano.
O governador também expressou preocupação com a possibilidade de impactos em diversos setores, principalmente no pescado, já que o Ceará é o maior produtor do Brasil e exporta 30% de sua produção para os Estados Unidos. Outros produtos como cera de carnaúba, castanha de caju e granito também estão na lista de preocupações, assim como o setor de pás eólicas a médio prazo.
“O mercado americano é crucial, e a exportação de aço do Ceará é significativa para os EUA. Entretanto, a alíquota já é de 50%, o que traz um aspecto diferenciado. Temos que nos preocupar com o respeito ao aço brasileiro, não apenas no Ceará, e com produtos específicos como cera de carnaúba e castanha de caju, além do pescado, que é uma grande preocupação para nós”, comentou Elmano.
A estratégia do governo até o dia 1º de agosto é concentrar esforços na negociação. O governador afirmou que, por ora, não serão anunciados planos de contingência específicos, pois o grupo de trabalho está avaliando diferentes cenários e possíveis medidas para cada um deles, caso as tarifas sejam efetivamente aplicadas. “Não faz sentido anunciar uma medida se nossa aposta é no diálogo e na negociação. Precisamos investir na negociação e estar prontos para diferentes cenários. O percentual das tarifas pode variar, e seria precipitado anunciar um plano de contingência sem saber o que será realmente aplicado”, concluiu o governador.