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Elmano se reúne com Haddad para debater apoio ao Ceará diante de tarifas de Trump
1 de agosto de 2025 / 21:09
Foto: Divulgação

O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), se reuniu na última sexta-feira (1º) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para abordar os impactos do recente tarifaço anunciado pelos Estados Unidos sobre as empresas exportadoras do estado. Os EUA representam o principal parceiro comercial do Ceará, e a reunião teve como foco a proteção dos empregos e a manutenção das vendas de produtos, especialmente os perecíveis, como peixes e frutas.

O presidente americano, Donald Trump, revelou na terça-feira (30) uma lista de produtos brasileiros que serão isentos de tarifas e outros que sofrerão uma taxação de 50%. Enquanto os produtos de siderurgia, um dos principais itens de exportação do Ceará, foram poupados, o setor de pescados, que depende fortemente do mercado americano, enfrentará novas taxas.

Além dos pescados, Elmano expressou preocupações com a fruticultura e a produção de cera de carnaúba. A incerteza também paira sobre a castanha de caju, já que o governo americano isentou a “Brazil nuts”, que se refere à castanha-do-pará, mas não há clareza se essa isenção se aplica à castanha de caju cearense.

Uma das propostas discutidas na reunião foi a possibilidade de o estado e os municípios adquirirem produtos cearenses para serem utilizados em programas sociais e em equipamentos públicos. Contudo, o governador ressaltou que tal medida exigiria alterações na legislação vigente.

“Existem setores onde o estado pode adquirir produtos, mas em outros isso não é viável. Portanto, precisamos avaliar cada produto e área para determinar o mecanismo mais eficaz”, comentou Elmano após o encontro.

Haddad recebeu as sugestões do Ceará de forma positiva, e as negociações com o governo federal continuarão por meio da Secretaria Estadual da Fazenda e da Procuradoria-Geral do Estado.

Impactos das Tarifas na Economia Cearense

As tarifas impostas por Trump podem afetar diretamente a economia do Ceará. A taxação adicional eleva o preço dos produtos, tornando-os menos competitivos no mercado americano. Por exemplo, um produto que custava US$ 100 passaria a custar US$ 150, o que pode levar os importadores a buscar alternativas, resultando em uma diminuição nas vendas das indústrias cearenses e, consequentemente, em possíveis demissões.

A relação econômica entre o Ceará e os Estados Unidos é fortemente influenciada pela exportação de produtos da siderurgia. O estado exporta principalmente semi-acabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço, que representam cerca de 76,5% das exportações cearenses para os EUA. No primeiro semestre de 2025, as exportações do Ceará totalizaram mais de US$ 1,1 bilhão, com US$ 528 milhões provenientes do setor siderúrgico, que respondeu por quase metade do total exportado.

No ano de 2024, os principais produtos cearenses exportados para os EUA incluíram:

  • Ferro fundido, ferro e aço: US$ 441,3 milhões;
  • Peixes e crustáceos: US$ 52,8 milhões;
  • Preparações de produtos hortícolas e frutas: US$ 37,2 milhões;
  • Calçados e artefatos semelhantes: US$ 36,9 milhões;
  • Gorduras e óleos: US$ 16,7 milhões.

Embora o Ceará seja o estado brasileiro mais dependente dos Estados Unidos para suas exportações, ocupando a liderança com 44,9% de seus produtos destinados a esse mercado, ele não é o maior vendedor. Em 2024, o Espírito Santo, por exemplo, vendeu US$ 3,1 bilhões para os EUA, enquanto o Ceará alcançou apenas US$ 659 milhões.

Diante da situação das tarifas, uma alternativa sugerida é a diversificação dos mercados de exportação. No entanto, esse processo pode ser demorado, exigindo meses ou até anos para ser implementado, enquanto os efeitos das tarifas já são percebidos em um curto espaço de tempo. Portanto, o foco imediato é buscar uma negociação com o governo americano para reduzir as tarifas impostas.