Aquilo que é conquistado em um período específico de tempo não existe de forma alheia ao que veio antes e virá depois. A afirmação, ainda que óbvia, é evidenciada pelo que foi 2024 para o cinema cearense, que neste ano celebrou o marco simbólico de 100 anos, a chegada inédita a Cannes e oito estreias comerciais de longas no circuito nacional.
Da forte presença da produção do Estado na Mostra de Tiradentes, realizada em janeiro, à estreia de “Soldados de Borracha”, documentário de Wolney Oliveira lançado em dezembro, o ano não apenas foi construído a partir de movimentos anteriores, mas nele se construíram bases para passos futuros.
A ideia de “construção anterior” pode tanto remontar ao ano de 1924 — quando ocorreu a primeira exibição da qual se tem registro de um filme creditado a um realizador cearense —, quanto ao fato de que a maior parte dos lançamentos recentes do Estado foi de longas que chegaram às salas reconhecidos antes em festivais nacionais e internacionais.
“Estranho Caminho”, de Guto Parente, por exemplo, foi premiado em Nova York em 2023 e, em janeiro deste ano, levou o Prêmio da Crítica em Tiradentes. Outros caminhos importantes também foram pavimentados no evento mineiro a partir de um cenário inédito e relevante no qual profissionais trans foram maioria nos curtas cearenses selecionados.
Neste grupo, a Vila das Artes desponta como lugar de abertura e fomento para a formação de cineastas trans e travestis no contexto de Fortaleza, como destacou o curador Francis Vogner dos Reis à coluna em janeiro.