
Uma empreendedora de Feira de Santana, localizada a aproximadamente 100 km de Salvador, trouxe uma nova abordagem ao tradicional abará, um quitute baiano. Sueli do Carmo, de 58 anos, que há 12 anos se dedica à produção desse prato típico, decidiu cozinhar os bolinhos de feijão-fradinho moído e temperados com azeite de dendê utilizando papel alumínio, em vez da tradicional folha de bananeira.
A inovação gerou um grande alvoroço nas redes sociais, onde um vídeo de Sueli mostrando o preparo do abará alcançou a impressionante marca de 11 milhões de visualizações. A repercussão trouxe tanto elogios quanto críticas. Enquanto alguns internautas aprovaram a mudança, outros questionaram a escolha do papel alumínio, temendo que isso pudesse desvalorizar a cultura e a tradição baiana, além de levantar preocupações sobre saúde e higiene.
Sueli defende sua técnica, afirmando que a utilização do papel alumínio é uma tradição familiar. Ela relata que sua mãe, após perceber a falta de higiene nas folhas de bananeira disponíveis nas feiras, optou por essa alternativa. “Eu não mudei a receita, apenas segui uma orientação da minha mãe”, afirmou Sueli, que conta com o apoio de sete irmãs e um irmão na produção do quitute.
Com o aumento da visibilidade nas redes sociais, as vendas de Sueli dispararam, resultando em um crescimento de 45% na produção, que atualmente chega a cerca de 150 acarajés e abarás diariamente. Seu restaurante, Acarajé do Carmo, também ganhou notoriedade, acumulando mais de 20 mil seguidores.
No entanto, a utilização do alumínio gerou polêmica, especialmente entre as baianas tradicionais. Angelimar Trindade, membro da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (ABAM), expressou sua preocupação, afirmando que as variações na preparação de alimentos tradicionais podem desrespeitar a cultura baiana. “As receitas do acarajé e do abará são tradicionais e culturais, e precisam ser respeitadas”, ressaltou.
A questão sobre a segurança do uso do alumínio na culinária também foi abordada pela nutricionista Vanessa Pamponet. Ela alerta que o consumo frequente de alimentos preparados com alumínio pode acarretar problemas de saúde a longo prazo, dependendo de fatores como idade e hábitos alimentares. “A contaminação pode levar a complicações como gastrite e alterações na flora intestinal. Apesar dos riscos, o papel alumínio não altera o sabor do alimento”, concluiu a especialista.