
Os biocosméticos têm ganhado destaque no mercado, caracterizando-se por serem produtos formulados com ingredientes naturais, veganos e limpos, que não contêm toxinas ou substâncias prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Essa crescente conscientização sobre os componentes presentes nos cosméticos tem levado muitos consumidores a questionar os rótulos de shampoos, condicionadores, desodorantes, perfumes, cremes e maquiagens, resultando no surgimento do mercado de biocosméticos.
Em Sergipe, essa tendência é impulsionada por microempreendedoras que, de forma independente, administram negócios diversificados, oferecendo maquiagens veganas, livres de testes em animais e embalagens 100% recicláveis. Uma dessas empreendedoras é Bárbara Consuêlo, que fundou uma marca que combina regionalidade e sustentabilidade na criação de produtos de beleza, incluindo iluminadores, batons, blushes e máscaras para cílios.
Bárbara, que se interessou pelo empreendedorismo aos 18 anos, começou sua trajetória em revendas de roupas e maquiagem. Com o tempo, ela se aprofundou nos impactos negativos da moda e decidiu resgatar suas experiências com sua avó na Bahia, incorporando sua identidade e valores à sua marca. Atualmente, ela está em busca de aperfeiçoamento e se formará em farmácia dentro de um ano. Apesar de seu investimento em educação estar ligado ao seu negócio, ela enfrenta desafios financeiros, como os altos custos de regularização com a Anvisa e a necessidade de embalagens importadas.
Os custos de produção das maquiagens variam entre R$ 1.500 e R$ 2.000, com um retorno mensal de até R$ 4.000.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de consumo de produtos de beleza e higiene, evidenciando a valorização dos brasileiros por rotinas de autocuidado que também respeitam valores ambientais.
Brenda Monteiro, uma farmacêutica de 26 anos, opta por shampoos e condicionadores naturais sólidos, que, além de serem livres de substâncias artificiais, não utilizam embalagens plásticas, reduzindo a poluição ambiental. Esses produtos, por serem em barra, também são práticos para viagens. Brenda ressalta que, desde o início de sua graduação, compreendeu a eficácia dos produtos naturais, que não agridem a pele e não geram dependência.
A produção de biocosméticos envolve a substituição de ativos sintéticos por ingredientes orgânicos extraídos de forma sustentável. As farmacêuticas e professoras da Universidade Tiradentes, Vanessa Guedes e Ingrid Siqueira, explicam que a fabricação de sabonetes naturais começa com a saponificação, uma reação entre óleos vegetais e uma base alcalina, resultando em sabão e glicerina natural, que hidrata a pele. Após essa reação, são adicionados ativos naturais, como óleos essenciais e extratos botânicos, que conferem propriedades terapêuticas.
O processo para shampoos sólidos é similar, mas adaptado para atender às necessidades do cabelo e do couro cabeludo, utilizando ingredientes como tensoativos naturais derivados do coco. Já os batons naturais são elaborados com ceras vegetais e pigmentos minerais.
As professoras destacam que a principal diferença entre a produção de cosméticos naturais e convencionais está nos ingredientes utilizados e na filosofia de produção. Enquanto a cosmética convencional frequentemente utiliza derivados do petróleo e conservantes sintéticos, os biocosméticos priorizam a qualidade sensorial e ecológica, resultando em produtos mais limpos e sustentáveis.
Os biocosméticos mantêm as propriedades bioativas dos ingredientes, proporcionando hidratação e proteção à pele. Por exemplo, um sabonete natural preserva a umidade da pele devido à presença de glicerina vegetal, ao contrário dos sabonetes industriais, que podem causar ressecamento. Óleos vegetais, como jojoba e rosa mosqueta, oferecem benefícios adicionais, como regeneração da pele e redução de inflamações.