
Após um hiato de 13 anos, o engenho localizado no sítio Curicaca, na zona rural de Cedro, no Centro-Sul do Ceará, reabriu suas portas para a produção de rapadura e outros doces feitos a partir da cana-de-açúcar. A última moagem realizada no local ocorreu em 2012.
A revitalização das atividades é um esforço conjunto da Associação Comunitária Unidos pelo Trabalho (Ascut). A cana é cultivada na própria propriedade, sendo colhida pelos associados que também são responsáveis pela moagem, cozimento e confecção dos doces. A jornada de trabalho inicia-se nas primeiras horas da manhã e se estende até o anoitecer, envolvendo cerca de 20 pessoas.
O principal produto da nova fase do engenho é a rapadura, que é feita em seu sabor tradicional. Uma parte menor da cana é utilizada para a produção do alfenim, um doce que leva limão na receita e requer um processo mais trabalhoso: após esfriar, a massa é puxada manualmente até atingir o ponto ideal, quando se torna esbranquiçada. Apesar do esforço necessário, o alfenim é muito apreciado e procurado.
Rubervaldo Nogueira, presidente da Ascut, explicou que a reabertura do engenho aconteceu após a associação se reunir novamente. Os moradores de Curicaca estavam insatisfeitos com o abandono do local, onde o mato crescia alto e a infraestrutura se deteriorava.
“Após essa união, o tempo das moagens voltou. Estamos começando com apenas dois donos de moagens, mas trabalharemos para que isso cresça novamente. A queda de uma parte do telhado fez a comunidade despertar. Ou nos uníamos ou perderíamos essa parte de nossa infância”, afirmou Rubervaldo.
O som da cana sendo processada trouxe de volta memórias para os moradores, incluindo o agricultor José Evaldo Nogueira, pai de Rubervaldo.
“É muito gratificante fazer o que amamos. Tenho grande alegria em saber que estou realizando esse trabalho com minha família, que é o meu maior tesouro”, declarou.