
No Rio Grande do Norte, dois fenômenos climáticos atípicos têm chamado a atenção da população neste final de outubro de 2025: ventos fortes em todo o estado e chuvas frequentes ao longo do litoral potiguar.
De acordo com o meteorologista Gilmar Bristot, da Empresa de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Norte (Emparn), esses fenômenos estão interligados. A umidade que causa as chuvas nas cidades litorâneas é trazida pelos intensos ventos marítimos que sopram em direção ao continente.
Bristot explica que a combinação de fatores específicos tem favorecido a circulação de ventos fortes na região. A presença de uma La Niña fraca no Oceano Pacífico, um fenômeno natural que provoca o resfriamento das águas, impacta diretamente o Nordeste. “Isso evita a formação de bloqueios atmosféricos, permitindo que os ventos se movimentem com mais facilidade”, detalha o especialista.
Além disso, os ventos são intensificados pela condição do Oceano Atlântico Sul, que apresenta águas mais frias. Essa situação resulta em um centro de alta pressão mais forte, fazendo com que a massa de ar seja “empurrada” para o continente, onde a pressão atmosférica é menor.
Alerta para Ventos Costeiros
- O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para ventos costeiros em 31 cidades do RN até a próxima sexta-feira (31).
- Recentemente, uma ventania derrubou um monumento de galinha gigante às margens da BR-304.
- Um trágico acidente ocorreu quando um motociclista foi atingido por uma placa metálica arrastada pelo vento.
Bristot destaca que as rajadas de vento mais intensas costumam ocorrer entre 9h e 17h, período em que a pressão atmosférica sobre o continente diminui, permitindo que os ventos se intensifiquem. As velocidades dos ventos sul-sudeste podem variar entre 15 e 27 km/h, dependendo da hora do dia.
As chuvas registradas no litoral são também consequência desses ventos, que transportam umidade do oceano. Segundo o meteorologista, durante o dia, essa umidade não se transforma em chuva devido à força do vento. No entanto, quando a umidade chega ao final da tarde ou início da noite, ela se deposita no continente. Durante a madrugada, a brisa, um vento mais calmo que sopra do continente para o oceano, favorece a formação de instabilidades localizadas, resultando em chuvas que não alcançam o interior do estado.
Para os próximos dias, a expectativa é de que esse cenário se mantenha, com ventos persistentes em todo o estado e chuvas isoladas ao longo do litoral, especialmente nas primeiras horas da manhã.