
Teresina enfrenta um sério desafio na área da saúde pública, podendo perder até R$ 69 milhões mensais devido a um impasse com a Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi). A presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Leopoldina Cipriano, revelou que a Sesapi deseja assumir a gestão dos hospitais estaduais na capital.
Em uma entrevista à TV Clube, Leopoldina esclareceu que o Ministério da Saúde já aprovou o envio dos recursos, mas a liberação depende da autorização da Sesapi. A FMS aguarda uma resposta da secretaria estadual sobre a situação.
Gestão do SUS em Teresina
Desde 1996, Teresina possui gestão plena do Sistema Único de Saúde (SUS), o que confere à prefeitura a autonomia necessária para administrar os serviços de saúde, incluindo os hospitais estaduais. Leopoldina enfatizou que a liberação desse recurso é crucial para equilibrar as contas da saúde municipal, que atualmente destina 35% do orçamento à área, superando em 20% o mínimo estabelecido pela Constituição.
“Estamos dispostos a discutir a entrega da gestão dos hospitais estaduais em troca do recurso, mas é necessário estabelecer parâmetros. A prefeitura já repassa cerca de R$ 72 milhões por ano para a Sesapi, o que pode aumentar nosso déficit e impactar ainda mais os serviços de saúde”, afirmou a presidente da FMS.
Teresina abriga sete hospitais da rede estadual, que são:
- Hospital Getúlio Vargas (HGV);
- Hospital da Polícia Militar (HPM);
- Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella (IDTNP);
- Hospital Infantil Lucídio Portella (Hilp);
- Unidade Integrada de Saúde do Mocambinho;
- Nova Maternidade Dona Evangelina Rosa (NMDER);
- Hospital Areolino de Abreu.
Além dos R$ 69 milhões mensais, Leopoldina solicitou ao Ministério da Saúde dois repasses provisórios: um de R$ 150 milhões e outro de R$ 30 milhões, destinados a quitar dívidas da FMS. “Já enfrentamos problemas com a criação de outro sistema de regulação. Não podemos cercear o direito do povo; todos os entes devem reconhecer a necessidade desse incremento”, completou a gestora.
Emergência na saúde pública
A Prefeitura de Teresina prorrogou pela segunda vez, em julho de 2025, a situação de emergência na saúde pública da cidade, com um decreto que tem validade de 90 dias. A decisão foi tomada devido à dificuldade em normalizar os estoques de insumos e medicamentos nas unidades de saúde.
Com a prorrogação do decreto, a prefeitura poderá agilizar a compra de insumos e a contratação de serviços emergenciais, além de solicitar apoio do governo federal.
Irregularidades e desvios
Em dezembro de 2024, o Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) realizou uma fiscalização nas 91 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Teresina, identificando problemas estruturais e a falta de medicamentos, insumos, vacinas e equipamentos. Uma auditoria interna da FMS, realizada em novembro de 2024, também revelou desvios de recursos que totalizam R$ 20 milhões.