Educação, tecnologia e sustentabilidade são temas que andam muitas vezes lado a lado e tem o poder de estimular jovens a buscar soluções inovadoras para problemas do dia a dia. Em Carnaíba, no Sertão de Pernambuco, estudantes da rede pública desenvolveram um filtro sustentável para casas de farinha da região. A iniciativa é finalista no prêmio Solve for Tomorrow Brasil, promovido pela Samsung.
A Escola Técnica Estadual Professor Paulo Freire, localizada há quase 400 quilômetros de Recife, é berço de ideias inovadoras. Segundo a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, foi pensando em solucionar problemas enfrentados nas casas de farinha do Quilombo do Caroá que um grupo de alunos desenvolveu o Filtropinha, um filtro absorvente à base de cascas de pinha que é capaz de reduzir a carga poluente da manipueira, resíduo tóxico gerado na produção da farinha de mandioca.
O líquido amarelado contém ácido cianídrico, que contamina o ecossistema e pode causar problemas de saúde, como dores de cabeça, tonturas e falta de ar. Estes sintomas já estavam sendo apresentados por vários trabalhadores da comunidade quilombola.
O protótipo desenvolvido pelos estudantes tem como premissa:
- Reduzir o descarte indevido da manipueira
- Reduzir a poluição tóxica
- Promover a reutilização da água usada na lavagem da mandioca durante o processo de fabricação da farinha
Segundo as pesquisas da equipe de estudantes, as farinheiras gastam em média 15 a 20 mil litros de água por produção.
De acordo com Luana Noêmia, uma das alunas do projeto, os moradores da comunicada ficaram curiosos com a novidade e interessados em aplicar o projeto no dia a dia. “O filtro pode ser uma alternativa excelente para promover uma produção sustentável e uma melhoria de qualidade de vida nessas comunidades que têm casas de farinha”.
Inicialmente, o projeto custa R$ 5. O Filtropinha é composto por um modelo construído a partir de uma impressora 3D e possui camadas de algodão, papel filtro, farinha de casas de pinha e carvão ativado. O protótipo conta com uma rosca pensando para facilitar a implementação nas caixas d’água onde fica armazenada a manipueira nas casas de farinha.
Entre os testes realizados durante o experimento, os estudantes calcularam a taxa de germinação de sementes. Com a manipueira tratada pelo Filtropinha, a taxa chegou a 80%, enquanto cai para 20% quando se utiliza o líquido em seu estado natural.