João Pessoa 27.13 nuvens dispersas Recife 27.02 céu limpo Natal 25.12 nuvens dispersas Maceió 27.69 céu limpo Salvador 26.98 céu limpo Fortaleza 28.07 nuvens dispersas São Luís 28.11 algumas nuvens Teresina 26.84 céu limpo Aracaju 26.97 algumas nuvens
Estudo revela que a maior parte do lixo oceânico em Fernando de Noronha tem origem no Congo
1 de outubro de 2025 / 19:09
Foto: Divulgação

A chegada de lixo oceânico ao Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, em sua maioria proveniente do Congo, na África, foi revelada por um estudo do Projeto Golfinho Rotador, realizado ao longo de 35 anos. Os pesquisadores observaram que a quantidade de resíduos aumenta entre setembro e dezembro, coincidente com a primavera.

O estudo focou na análise do lixo que chega às praias, predominantemente plástico, além das correntes marítimas que transportam esses resíduos. Segundo o oceanógrafo José Martins, coordenador do Projeto, “Fernando de Noronha recebe correntes de superfície, de meia água e de fundo. A maior parte vem da África, mas também há influência de correntes de outras regiões do Brasil e do Caribe”.

Martins destacou que, durante a primavera, a corrente equatorial se intensifica na área, transportando lixo lançado nos rios africanos. Ele mencionou que Noronha está quase na mesma latitude do Congo, o que explica a predominância de resíduos desse país nos últimos anos. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) monitorou uma mancha de lixo que se deslocou da África até Noronha, onde foram encontrados itens como tampas de garrafas de um refrigerante exclusivo do Congo.

Além dos resíduos africanos, Martins apontou que lixo proveniente dos Estados Unidos, Japão, China e Europa também chega ao mar, frequentemente descartado por navios de pesca, cargueiros e cruzeiros. O Projeto Golfinho Rotador realiza mutirões de limpeza nas praias da ilha, promovendo a conscientização sobre a problemática global do lixo e a interconexão dos oceanos.

Conscientização e Ações Necessárias

José Martins ressaltou que não existem soluções imediatas para o problema do lixo oceânico, mas sugeriu que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) poderia implementar medidas para melhorar as condições das praias, especialmente entre a Praia do Leão e a área do Air France. Ele defendeu que o contrato com a concessionária dos serviços turísticos do parque inclua a retirada de lixo nessa região, especialmente durante períodos de acúmulo de resíduos, uma tarefa que atualmente depende de ações voluntárias.

O pesquisador também alertou sobre os riscos envolvidos nos mutirões de limpeza e afirmou que, se a concessionária assumir essa responsabilidade, a coleta de lixo, incluindo o material mais antigo enterrado nas praias, será mais segura.

A reportagem buscou contato com o ICMBio para esclarecer se o contrato com a concessionária pode ser modificado para incluir a limpeza das praias, mas não obteve resposta até a última atualização.

O Projeto Golfinho Rotador, criado em 1990, se dedica a pesquisas e ações de conservação dos golfinhos em Noronha, contando com o apoio do Programa Petrobras Socioambiental.