Pesquisadores alertam para os riscos que os microplásticos representam tanto para a vida marinha quanto para a saúde humana. Recentemente, partículas de plástico foram detectadas em áreas de preservação ambiental na Bahia, especificamente no Parque Marinho de Abrolhos, localizado em Caravelas, no extremo sul do estado. A descoberta ocorreu durante a expedição científica “Abra os Olhos”, promovida pelo Instituto Redemar Brasil, no 11º Festival das Baleias.
Entre agosto e setembro do ano passado, uma equipe composta por três marinheiros, dois biólogos, um mergulhador, um produtor, um educador ambiental e um estudante de Biologia coletou amostras de água em seis locais ao longo do litoral baiano, incluindo:
- Abrolhos;
- Baía de Todos-os-Santos;
- Barra Grande;
- Gamboa do Morro;
- Ilhéus;
- Santo André.
Os resultados começaram a ser divulgados no início deste ano. Segundo o Instituto, a presença de microplásticos em áreas que deveriam ser protegidas representa uma ameaça à vida marinha e, por consequência, à saúde humana.
Impactos dos Microplásticos
Os microplásticos, que são pequenas partículas originadas da degradação de plásticos maiores, podem ser ingeridos por organismos marinhos e se acumular na cadeia alimentar. Thiago Couto, doutor em Ecologia Marinha e diretor de Biodiversidade da Redemar Brasil, além de coordenador da expedição, explica que substâncias tóxicas presentes nessas partículas podem ser transferidas entre os níveis tróficos, afetando tanto presas quanto predadores.
Couto ressalta que os estudos sobre os impactos dos microplásticos na saúde humana ainda estão em estágios iniciais, mas pesquisas preliminares já associam a presença dessas partículas a problemas de saúde, incluindo câncer.
As amostras coletadas estão sendo analisadas pela coordenadora do Laboratório de Ecossistemas Aquáticos (LEAqua), Patrícia Pinheiro, juntamente com os estagiários Anthony de Amorim e Vitória Gomes, do curso de Engenharia de Pesca da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). A análise inicial revelou a presença de “diversos tipos de microplásticos” na região, conforme destacou a professora.
Ações Necessárias
Patrícia Pinheiro enfatiza a necessidade de implementar medidas mitigatórias para reduzir ou evitar o uso de materiais plásticos. Ela acredita que essas ações devem envolver não apenas o governo e instituições, mas também toda a sociedade. “É fundamental promover a educação ambiental. Quando as pessoas compreendem a gravidade da situação, tendem a cuidar melhor dos nossos ecossistemas”, defende.
A Redemar Brasil informa que a pesquisa continua em andamento, com análises dos materiais coletados nos outros cinco pontos do litoral ainda por serem realizadas. Os resultados completos devem ser publicados em uma revista científica no primeiro semestre deste ano.