
As exportações do Brasil para os Estados Unidos registraram uma queda expressiva de 28,1% no mês de novembro, somando US$ 2,662 bilhões, contra os US$ 3,703 bilhões contabilizados no mesmo período de 2024. Esse resultado negativo representa o quarto mês consecutivo de retração nas vendas ao mercado norte-americano e revela um impacto direto da sobretaxa de 50% imposta pelo governo Donald Trump sobre uma ampla gama de produtos brasileiros. A medida tarifária, adotada como parte de uma política comercial mais rígida e protecionista, tem alterado significativamente o fluxo de bens entre os dois países, dificultando o acesso de produtores brasileiros ao maior mercado consumidor do mundo.
Essa política tem provocado um desequilíbrio na relação econômica bilateral, tradicionalmente marcada por forte intercâmbio em setores como siderurgia, energia, maquinário e produtos agrícolas. Para diversos segmentos exportadores do Brasil — especialmente os de manufaturados e commodities de maior valor agregado —, a tarifa representa uma redução na competitividade, encarecendo seus produtos nos Estados Unidos e inviabilizando negócios anteriormente estáveis.
Enquanto as exportações recuaram, o movimento oposto foi observado nas importações brasileiras provenientes dos Estados Unidos, que tiveram alta de 24,5%, atingindo US$ 3,834 bilhões em novembro. Esse desempenho ampliou de forma significativa o fluxo de entrada de produtos norte-americanos no mercado brasileiro, superando com folga os valores registrados no ano anterior. O crescimento das importações, combinado com a queda das exportações, resultou em um déficit de US$ 1,17 bilhão para o Brasil no comércio bilateral apenas no mês de novembro — um sinal claro do descompasso entre as duas economias no período analisado.
No acumulado de janeiro a novembro de 2025, o cenário também se mostra desfavorável para o Brasil. As vendas brasileiras aos EUA caíram 6,7%, somando US$ 34,204 bilhões, abaixo dos US$ 36,652 bilhões observados no mesmo intervalo de 2024. Em sentido contrário, as importações norte-americanas para o Brasil cresceram 12,7%, chegando a US$ 42,149 bilhões, comparadas aos US$ 37,404 bilhões registrados anteriormente. Com isso, o déficit comercial acumulado entre Brasil e Estados Unidos saltou para US$ 7,94 bilhões em 2025, um dos maiores dos últimos anos, refletindo o impacto duradouro da política tarifária norte-americana.
O enfraquecimento das exportações brasileiras devido à sobretaxa tem produzido consequências relevantes para setores produtivos nacionais, que enfrentam menor demanda externa, redução de receitas e dificuldades para manter mercados conquistados ao longo de décadas de relações comerciais. Além disso, o desequilíbrio na balança bilateral tende a pressionar cadeias produtivas e influenciar negativamente indicadores do comércio exterior brasileiro.
A continuidade dessa política tarifária por parte do governo Trump mantém o ambiente de incerteza para as empresas brasileiras que atuam no mercado norte-americano. Nesse contexto, especialistas apontam que o Brasil terá de buscar alternativas para preservar sua competitividade, seja por meio de diversificação de destinos de exportação, negociações diplomáticas ou maior agregação de valor aos seus produtos. O fato é que a imposição da tarifa tem provocado impactos profundos e persistentes, que seguem moldando a dinâmica das relações comerciais entre as duas nações.