
Os Estados Unidos se tornaram o terceiro maior destino das exportações da Bahia, com produtos como celulose, pneus, manteiga e líquor de cacau sendo diretamente afetados pelas novas tarifas. O anúncio de tarifas de 50% pelo presidente americano, Donald Trump, gerou grande preocupação entre os produtores baianos, que temem o rompimento de contratos comerciais.
Na quarta-feira (9), Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comunicando a nova taxação, que começará a valer em 1º de agosto. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), os Estados Unidos geraram, apenas no primeiro semestre deste ano, US$ 440 milhões em exportações para o estado, o que representa cerca de R$ 2,4 bilhões, ou 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia.
A preocupação com o impacto das tarifas é iminente, pois pode afetar a relação comercial entre exportadores e importadores. Carlos Henrique Passos, presidente da Fieb, destacou que as consequências já estão sendo sentidas, uma vez que mercadorias enviadas ao exterior podem chegar aos EUA após a implementação das novas taxas, encarecendo o custo de importação.
A indústria baiana, que é a principal responsável pelas exportações para o mercado americano, representa cerca de US$ 399 milhões, correspondendo a 90,6% das vendas para os EUA e 12% de todas as exportações industriais do estado. Caso as tarifas sejam mantidas, produtos como celulose, pneus, manteiga e líquor de cacau sofrerão impactos significativos.
Passos também alertou sobre a possibilidade de fechamento de fábricas devido à redução da escala de produção, o que resultaria em perda de renda e poder de compra para a população.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), expressou sua preocupação com a situação, criticando a interseção de questões políticas na decisão de Trump. “O setor produtivo não pode pagar essa conta. A política não pode atrapalhar o setor produtivo. A soberania de um país não deve ser quebrada por cartas de presidentes”, afirmou Rodrigues.
Impactos econômicos
A economista Ana Georgina, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ressaltou que as incertezas em relação ao aumento das tarifas podem provocar mudanças antes mesmo da implementação. A suspensão de uma encomenda de 58 contêineres de peixes, que seriam enviados aos EUA, ocorreu apenas 24 horas após o anúncio de Trump, demonstrando como as expectativas podem influenciar as decisões de negócios.
Georgina alertou que, caso o Brasil não encontre novos mercados para suas exportações, a Bahia poderá enfrentar um aumento na oferta interna, o que pode resultar em ajustes na produção e até mesmo desemprego, caso a situação se prolongue. Ela destacou a necessidade de estratégias para contornar os efeitos negativos das novas tarifas e manter a relação comercial com os Estados Unidos.