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Exposição em Salvador resgata histórias de pessoas escravizadas na Bahia
6 de novembro de 2025 / 13:31
Foto: Divulgação

Iniciativas na Bahia estão se esforçando para resgatar a história da população negra por meio da Inteligência Artificial. Um exemplo é a exposição “Fragmentos da Memória”, que foi inaugurada no dia 6 de outubro no Shopping da Bahia, em Salvador. A mostra apresenta 40 imagens geradas por IA, baseadas em dados históricos do Arquivo Público do Estado da Bahia (Apeb), que revelam a trajetória de pessoas como Cenâco, um jovem de 14 anos descrito em documentos do Brasil Império como “crioulo preto livre”.

Cenâco, assim como muitos outros escravizados na Bahia, teve sua história resgatada através de fragmentos de informações que, embora escassos, são preciosos. Os dados sobre ele e outros indivíduos estão preservados em documentos históricos, como passaportes, que foram analisados para criar a exposição. Enquanto isso, a documentação da população não negra é abundante, permitindo que seus descendentes reivindiquem cidadanias e reconheçam suas raízes ancestrais.

Desigualdade de Memórias

O diretor do Arquivo Público da Bahia, Jorge X, destacou a disparidade nas memórias entre os dois grupos. Ele mencionou que a população não negra possui registros que garantem a dignidade simbólica e ancestral, enquanto os negros frequentemente têm seus nomes descartados ao chegarem ao Brasil. Para a criação das imagens, uma equipe multidisciplinar, incluindo paleógrafos e historiadores, trabalhou arduamente, utilizando referências de obras literárias e artísticas da época.

  • Passaportes
  • Carta de alforria
  • Inventários
  • Documentos históricos

Esses registros foram fundamentais para que a equipe pudesse desenvolver “prompts” que guiassem a Inteligência Artificial na geração das imagens. Os profissionais se depararam com desafios ao lidar com descrições raciais pejorativas presentes nos documentos, o que exigiu um trabalho cuidadoso para garantir representações mais justas.

A atenção aos detalhes foi crucial, desde as características físicas até as vestimentas, que foram recriadas com base nos materiais da época. O resultado final é uma coleção de 40 “fotografias” que trazem à vida as histórias de pessoas negras escravizadas, transformadas também em vídeos que contextualizam suas vidas.

Ressignificação da História

Através dos vídeos, personagens como Ussá, que compartilha sua experiência de liberdade tardia, ganham voz e ajudam a contar uma narrativa muitas vezes esquecida. Jorge X enfatiza a importância de abordar a história do Brasil sob uma nova perspectiva, ressaltando que a equipe do projeto era majoritariamente composta por pessoas negras, o que intensificou o sentimento de pertencimento e identificação.

Neste Novembro Negro, que celebra a cultura e a resistência da população negra, a exposição ficará aberta ao público durante todo o mês, com funcionários do Arquivo disponíveis para interagir com os visitantes e explicar as etapas do projeto. Essa iniciativa não apenas resgata memórias, mas também promove um diálogo necessário sobre a história e a identidade do Brasil.