
Fernando de Noronha foi reconhecida como uma das 32 áreas de importância para tubarões e raias no Atlântico Sul-Americano, segundo a Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Essa classificação, divulgada na quarta-feira (6), foi celebrada por pesquisadores e pode ser acessada online.
A especialista Bianca Rangel, da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Projeto Tubarões e Raias de Noronha, destacou a relevância desse reconhecimento. “A classificação valida Noronha globalmente como uma área essencial para a sobrevivência dos tubarões e raias no oceano. Esse título pode ajudar nos planos de manejo de unidades de conservação do Brasil, além de priorizar Fernando de Noronha em financiamentos para pesquisa e conservação futuros”, afirmou.
A análise que levou à certificação considerou dados coletados pelo Projeto Tubarões e Raias de Noronha, com a participação ativa da comunidade local. Rangel explicou que essa colaboração foi crucial para estabelecer os critérios que posicionam a região como relevante.
As áreas identificadas como importantes para tubarões e raias são regiões específicas que desempenham um papel fundamental na sobrevivência dessas espécies, com base em critérios científicos que incluem reprodução, alimentação e abundância.
Critérios de Classificação
- Vulnerabilidade das espécies, especialmente do tubarão-limão, tubarão-lixa, raia-prego e raia-manta.
- Relevância para áreas reprodutivas e de alimentação.
- Agregações indefinidas de espécies.
A coordenadora do projeto enfatizou a importância de incluir outras espécies no sistema de classificação. “A coleta contínua de dados científicos padronizados será essencial para validar a região para espécies ainda não contempladas no documento, como o tubarão-tigre, o tubarão-bico-fino, o tubarão-lombo-preto e o grande tubarão-martelo”, ressaltou Bianca Rangel.
O Projeto Tubarões e Raias de Noronha tem atuado na ilha por cinco anos, realizando pesquisas que incluem monitoramento por drones, captura científica e marcação com rastreadores acústicos e de satélite. Além disso, o projeto conta com um programa de colaboração voluntária chamado “ciência cidadã”, onde guias de turismo, mergulhadores e visitantes contribuem com registros diários de tubarões e raias.
Recentemente, houve um aumento de 66% nos registros de raias mutiladas em Fernando de Noronha, o que levanta preocupações sobre a conservação dessas espécies na região.