O novo anexo consolida aquela que foi a maior reforma da Fundação Casa de Jorge Amado desde a sua criação. O espaço ganhou ares de museu, com a criação de novos espaços de exposição, mas também modernizou sua estrutura de arquivo, reforçando o seu papel de guardiã do acervo de Jorge. A entidade foi constituída em julho de 1986 e inaugurada em março de 1987. Sua concepção se deu a partir do incentivo de amigos como a escritora Myriam Fraga, que foi gestora da entidade por 30 anos. Na época, Jorge Amado buscava uma forma de preservar seus arquivos para posteridade.
O acervo foi disputado por universidades estrangeiras, mas Amado pensava que o catálogo devia permanecer na Bahia. Optou por uma fundação privada, com gestão independente de governos, e sede no Pelourinho, cenário de personagens como Pedro Arcanjo, Dona Flor e Quincas Berro d’Água. A Fundação Casa de Jorge Amado atualmente abriga cerca de 300 mil peças, incluindo documentos, fotografias e manuscritos dos livros. Entre eles estão as seis versões que ele escreveu até chegar ao ponto final de Tieta do Agreste. Além de preservar os acervos, a entidade atua para incentivar pesquisas sobre a literatura da Bahia e valorizar o Centro Histórico de Salvador como espaço pulsante de cultura. Em seu calendário anual de eventos, destaca-se a Flipelô, Festa Literária Internacional do Pelourinho, realizada desde 2017.
“A ideia é fazer desta Casa, como preconizou Jorge Amado, um permanente centro, vivo e atuante, onde o sentido da vida da Bahia e de nosso povo esteja sempre presente”, afirma a diretora-executiva da fundação, Angela Fraga.
A reforma da sede custou cerca de R$ 2 milhões e foi financiada com recursos próprios e emendas da deputada federal Lídice da Mata (PSB). Foi iniciada em março e levou nove meses para ser concluída. Neste período, a fundação seguiu de portas abertas, recebendo turistas, pesquisadores e admiradores do escritor.
A área onde fica o acervo ganhou equipamentos modernos e arquivos deslizantes, que facilitam a pesquisa de documentos. A segurança foi reforçada com a um novo sistema anti-incêndio e de câmeras de videomonitoramento. O prédio principal ganhou novas salas de exposição em formato multimídia, que contam a trajetória de Jorge Amado, sua produção literária e suas adaptações audiovisuais. As áreas internas, antes brancas, ganharam cores: “Pintamos algumas paredes e a repercussão foi muito boa. A obra de Jorge Amado é muito colorida”, afirma Ticiano Martins, coordenador de projetos a fundação e um dos curadores dos espaços expositivos.