No sul da Bahia, na cidade de Ilhéus, um grupo de profissionais vive o que muitos consideram o trabalho dos sonhos: degustar chocolates e ainda ser remunerado por isso. Essa é a realidade dos colaboradores do Centro de Inovação do Cacau (CIC), que está localizado no campus da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). O CIC tem como missão promover e disseminar conhecimento sobre a qualidade do cacau e do chocolate, com ênfase na melhoria da produtividade, qualidade e rastreabilidade das amêndoas.

Os degustadores de chocolate no CIC recebem uma remuneração média que varia entre R$ 2.700 e R$ 4.000, conforme revela Adriana Reis, bióloga e gerente de qualidade do centro. Ela explica que o CIC foi fundado em 2018 com o intuito de elevar a qualidade do cacau brasileiro e fortalecer sua reputação, além de implementar metodologias e análises que garantam essa qualidade.

O papel do degustador

Os degustadores se concentram na caracterização do cacau brasileiro, descrevendo os atributos sensoriais que valorizam o fruto e fornecendo feedback ao mercado. Segundo Adriana, para se tornar um degustador, é fundamental ter uma verdadeira paixão por chocolate, já que a profissão exige um paladar apurado e a capacidade de distinguir entre diferentes qualidades de chocolate.

O CIC atende a diversos perfis de clientes:

• Produtores de cacau: Enviam amostras para avaliação sensorial, buscando inovações que melhorem o sabor e aroma.
• Marcas de chocolate: Procuram genéticas especiais para produtos específicos, recebendo análises do cacau, líquor e chocolate.

Como se tornar um degustador de chocolate?

Os profissionais do CIC foram selecionados através de um processo que gerou grande interesse na Uesc, com quase 600 inscrições para as vagas disponíveis. Na primeira fase, 550 candidatos foram eliminados, e dos 50 restantes, apenas 10 foram escolhidos após testes de aptidão sensorial. Atualmente, a equipe conta com oito degustadores, conhecidos como “panelistas”.

Adriana enfatiza que o principal requisito para um degustador é ter afinidade com chocolates intensos, consumindo-os com frequência. “Não buscamos pessoas que apenas gostem de chocolate ao leite ou branco, mas sim aquelas que tenham uma verdadeira aptidão para o cacau”, destaca.

O depoimento de um degustador

Weslem Martins, um dos degustadores, é natural de Una, na Bahia, e se formou como técnico de alimentos. Desde 2015, ele atua na produção e análise de chocolates, tendo ingressado no CIC na primeira seleção. Atualmente, Weslem está em pausa nas atividades para concluir um mestrado em Genética Aplicada ao Cacau, e já ocupou diversas funções, incluindo a gerência da fábrica de chocolate do CIC.

Passos para se tornar um degustador:

• Ter afinidade com cacau e chocolates.
• Enviar o currículo para o Centro de Inovação do Cacau.
• Participar de uma triagem sensorial do CIC.
• Realizar cursos de formação.

O CIC oferece três cursos de formação sensorial, sendo o primeiro para iniciantes, o segundo focado na avaliação e reconhecimento de defeitos, e o último para familiarização com atributos positivos. Novas turmas estão previstas para serem formadas em abril, e os interessados devem se inscrever no site do Fórum do Cacau.