
O Hospital Getúlio Vargas (HGV), localizado no centro de Teresina, reiniciou nesta segunda-feira, 17 de fevereiro, o mutirão de cirurgias vasculares, após uma suspensão que ocorreu no dia 12 de fevereiro. Essa interrupção foi determinada pelo Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) devido a irregularidades graves que comprometiam a saúde dos pacientes.
A autorização para o retorno das atividades foi concedida após uma reunião entre o CRM-PI e a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi). De acordo com Anderson Dantas, diretor de Organização Hospitalar da Sesapi, a secretaria apresentou um projeto que atendeu às exigências do conselho, resultando na aprovação do retorno na última quinta-feira, 13 de fevereiro.
Irregularidades identificadas
Durante a fiscalização inicial do CRM, foram detectadas várias falhas que não estavam em conformidade com os padrões necessários para a realização dos procedimentos. Entre as principais questões levantadas estavam:
- Falta de um coordenador técnico qualificado com Registro de Qualificação de Especialidade (RQE) na área;
- Inexistência de comunicação sobre os médicos envolvidos no mutirão;
- Prontuários incompletos, sem informações essenciais como horários de atendimento, histórico médico e exames;
- Ambiente inadequado, onde os procedimentos eram realizados em uma única sala com nove leitos, sem separação adequada entre pacientes;
- Falta de equipamentos adequados para emergências, como um cardioversor;
- Ausência de contrato com um hospital de retaguarda, expondo os pacientes a riscos em caso de complicações.
Dantas informou que, para corrigir essas inconformidades, foram implementadas adequações no HGV, como a criação de mais salas para os procedimentos e a contratação de profissionais qualificados. Ele também destacou que as irregularidades que poderiam comprometer os resultados das cirurgias não foram registradas.
Riscos aos pacientes
O mutirão oferecia apenas o tratamento de escleroterapia com polidocanol para veias varicosas e insuficiência venosa crônica, sem opções alternativas. O CRM-PI alertou que essa abordagem aumenta os riscos de complicações, como trombose e embolia. O presidente do CRM-PI, João Moura Fé, enfatizou que a técnica utilizada era insuficiente e inadequada, pois não oferecia aos pacientes a possibilidade de escolher entre diferentes procedimentos.
Além disso, o CRM-PI encontrou falhas semelhantes em um mutirão de cirurgia vascular realizado no Hospital Regional de Campo Maior, incluindo a falta de um responsável técnico e do diretor técnico da empresa que realizava os procedimentos. A interdição ética se aplica a todos os mutirões contratados pela Fundação de Marcolândia, que terceiriza cirurgias no estado do Piauí.