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Hiperconexão prejudica atenção, memória e qualidade do sono dos usuários
14 de dezembro de 2025 / 13:41
Foto: Divulgação

O uso excessivo de celulares e redes sociais pode comprometer diversas funções cognitivas importantes, como atenção, memória e raciocínio, além de afetar a saúde mental e a qualidade do sono. A hiperconexão, comum no cotidiano atual, provoca um impacto significativo no funcionamento cerebral e no comportamento das pessoas, alertam especialistas. Tarefas simples, como assistir a um filme completo sem interrupções ou fazer uma refeição sem checar notificações, tornaram-se difíceis para quem está imerso no mundo virtual.

Segundo Janaína Melo, professora da Universidade Estadual do Ceará, a exposição contínua e os estímulos rápidos das redes sociais causam uma liberação constante de dopamina, neurotransmissor ligado à motivação, que vicia o usuário e diminui a capacidade cognitiva para atividades que exigem maior esforço, como a leitura e a concentração prolongada. A psiquiatra Lia Sanders, da Universidade Federal do Ceará, reforça que o hábito de dispersar a atenção gera dificuldades para manter o foco em assuntos mais longos, como filmes e livros.

Além disso, o consumo frequente de vídeos curtos, muito populares nas redes, está associado a prejuízos para o controle inibitório e aumento de ansiedade, estresse, depressão e distúrbios do sono, conforme estudos recentes publicados por universidades australianas e americanas. A maior parte dos impactos negativos decorre da exposição repetida à estimulação rápida e superficial, que reduz a resposta do cérebro a outras fontes de recompensa e agrava problemas emocionais.

Outro aspecto preocupante é o prejuízo na qualidade do sono causado pela luz das telas e pela interatividade dos dispositivos eletrônicos pouco antes de dormir. A luminosidade interfere na produção de melatonina, essencial para regular o ciclo do sono, enquanto a necessidade de estar alerta dificultam o início do descanso, explica o neurologista Manoel Alves Sobreira Neto. Ele recomenda a criação de rituais para desacelerar e evitar o uso de aparelhos luminosos pelo menos duas horas antes de deitar.

O impacto da hiperconexão não está restrito ao cérebro; há também reflexos nas relações sociais. A psicóloga Janaína Melo alerta que essa conexão intensa com o mundo virtual pode resultar em maior isolamento e fragilizar vínculos reais, uma vez que o contato frequente com versões idealizadas da vida alheia nas redes provoca comparações e frustrações. Por isso, valorizar interações presenciais é fundamental para fortalecer relações e melhorar a capacidade de atenção.

Diante desse cenário, especialistas indicam diversas estratégias para resgatar o controle das próprias rotinas digitais, como monitorar o tempo de uso das redes, preferir conteúdos mais extensos que demandem esforço cognitivo, buscar momentos livres de telas e investir em atividades presenciais ou manuais. Pequenos detox digitais, como deixar de usar redes sociais por alguns dias, são relatados por usuários que perceberam melhora na concentração, na sensação de bem-estar e na qualidade do sono.

Assim, a hiperconexão representa um desafio atual que exige reflexão e ajustes no comportamento para preservar a saúde mental, o funcionamento cognitivo e o equilíbrio entre vida virtual e real.