
Desenvolvido pela Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) através da Escola de Governo de Alagoas (Egal), o Programa Primeiro Emprego Indígena tem promovido transformações significativas na vida de estudantes indígenas alagoanos. Essa iniciativa, que é pioneira no Brasil, visa não apenas a inserção desses jovens no mercado de trabalho, mas também o fortalecimento da identidade cultural e o desenvolvimento das comunidades indígenas do estado.
Conforme o censo de 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 0,82% da população de Alagoas se identifica como indígena. O estado abriga 12 etnias reconhecidas e 27 escolas estaduais voltadas para a educação indígena, além de mais oito em construção. Nesse contexto, o programa foi lançado em abril de 2023, sendo exclusivo para alunos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena (Clind) da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Atualmente, dos 220 alunos matriculados, 150 já foram beneficiados com bolsas de estágio.
A coordenadora do programa, Rose Damas, destaca a importância dessa iniciativa: “Esse programa representa uma oportunidade crucial de conexão com os povos indígenas de Alagoas. Mais do que a concessão de bolsas, ele se destaca pela força da coletividade e pela união dos diversos órgãos envolvidos. Nas salas de aula das escolas indígenas, os estagiários puderam expressar todo o seu potencial, tornando-se exemplos e inspiração para que outros também sonhem e alcancem o espaço da educação”.
Ampliando Oportunidades
Atualmente, estudantes de todas as 12 etnias participam do programa, com a maioria atuando nas escolas de suas próprias comunidades. Muitos alunos, após ingressarem no estágio, conseguiram se inserir profissionalmente no mercado, conquistando oportunidades em concursos e processos seletivos simplificados, evidenciando a efetividade do programa como um impulsionador de carreiras.
Emmanuelle Trindade, superintendente da Escola de Governo, enfatiza que “o programa tem um olhar direcionado à inclusão. É um marco na história do nosso Estado. Ao permitir que os estagiários atuem dentro de suas comunidades, fortalecemos sua cultura e promovemos crescimento profissional”.
Além de promover a inclusão, a iniciativa também contribui para a permanência dos estudantes na universidade. A coordenadora do CLIND, professora Iraci Nobre, ressalta: “Com o salário, os alunos passaram a ter condições reais de permanência na universidade, acesso a equipamentos, internet, livros e melhorias significativas na qualidade de vida. Cada aluno formado representa uma conquista na luta por uma educação indígena qualificada”.
Para participar do programa, os estudantes precisam atender a critérios básicos, como ter pelo menos 18 anos, estar cursando no mínimo o segundo ano de graduação e estar matriculados nos cursos de Licenciatura em Pedagogia, Letras, Geografia, Matemática ou História do núcleo Clind na Uneal. O processo de seleção é totalmente eletrônico, garantindo transparência e segurança para todos os candidatos.
Impacto na Vida Pessoal e Profissional
Segundo o relatório mais recente da Seplag, 98% dos estagiários indígenas afirmam que o programa contribuiu significativamente para seu crescimento profissional e educacional. Outros 91% notaram mudanças positivas em suas comunidades. Além disso, 81% dos participantes relataram aumento de renda, e 76% passaram a investir na própria educação, adquirindo materiais e equipamentos. Em um cenário de vulnerabilidade, a segurança financeira proporcionada pelo programa impacta diretamente o bem-estar de famílias inteiras.
Um exemplo claro da relevância do programa é o relato da estagiária Ediene Maria, da escola Indígena Estadual José Máximo da tribo Wassu Cocal: “O estágio está sendo uma experiência riquíssima em conhecimentos. Cada dia é um novo aprendizado. Hoje, graças ao programa, estou preparada para estar em sala de aula. Sou mãe solteira de quatro filhos, e hoje posso dar a eles o que precisam. Com a bolsa do programa, comprei um notebook para estudar e organizar minhas aulas. É gratificante saber que todo mês tenho condições para fazer as compras de casa e comprar roupas para as crianças. Sou grata por tudo que está acontecendo durante meu estágio”.
A secretária de Planejamento, Gestão e Patrimônio, Paula Dantas, também ressaltou a importância da iniciativa: “Com o Programa Primeiro Emprego Indígena, conseguimos dar oportunidade para que os jovens indígenas cresçam profissionalmente dentro de suas próprias comunidades. Além disso, o governo Paulo Dantas está entregando 13 escolas indígenas, o que é algo único no nosso estado. Através dessas iniciativas, buscamos fortalecer a cultura, promover autonomia e ajudar a corrigir desigualdades históricas. Esses passos são fundamentais para fazer de Alagoas um lugar mais justo, inclusivo e representativo”.
Com resultados concretos na permanência universitária, inserção no mercado de trabalho e fortalecimento da educação nas comunidades tradicionais, o Programa Primeiro Emprego Indígena se destaca como uma política pública essencial voltada para a inclusão e o desenvolvimento social.
Programa Primeiro Emprego
O formato geral do Programa Primeiro Emprego, que oferece oportunidades para estudantes de diversos cursos superiores, teve um novo edital publicado no dia 26 de junho. As inscrições estarão abertas até 26 de julho e podem ser realizadas através do site primeiroemprego.al.gov.br. Em relação ao Primeiro Emprego Indígena, a coordenação do programa informa que ainda não há data prevista para um novo edital, mas que ao final do ciclo atual, a gestão irá estruturar a nova programação de inscrições.