
O químico cearense Josafá Rodrigues desenvolveu um projeto inovador que utiliza o olfato para ensinar cores a pessoas com deficiência visual. A iniciativa, chamada “Amigos do Lou”, foi idealizada em 2023 e recentemente conquistou o Prêmio LED, promovido pela Fundação Roberto Marinho e pela TV Globo. A vitória foi anunciada durante o programa Encontro com Patrícia Poeta, em uma votação popular que contou com outros dois finalistas.
“Todos que entraram nessa jornada são vencedores, mas só um leva o troféu no voto popular. E nós ficamos muito felizes porque a gente faz a verdadeira inclusão através dos aromas”, declarou Josafá.
A ideia de criar essa metodologia surgiu a partir de uma reflexão sobre como ensinar cores para aqueles que não podem vê-las. Josafá, que é doutorando em propriedade intelectual e inovação no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e possui 35 anos de experiência na produção de tintas, foi convidado por um professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) para discutir inovação no design. Durante a aula, ele percebeu a presença de um aluno com deficiência visual, o que o levou a pensar em soluções.
Em uma conversa com sua esposa, surgiu a sugestão de adicionar aromas às tintas, o que levou ao desenvolvimento da metodologia em parceria com o professor Luís Sérgio Santos.
“Depois dessa metodologia, eu tive a ideia de criar uma iniciativa para submeter ao Prêmio LED. Eu criei todos os ativos intelectuais, marcas, patentes, desenhos industriais e um personagem chamado Lou”, explicou Josafá.
Os workshops promovidos por Josafá ensinam a associar aromas a cores, como:
- Vermelho – morango
- Verde – hortelã
- Amarelo – maracujá
Josafá percebeu que a iniciativa poderia beneficiar não apenas pessoas com deficiência visual, mas também aqueles com Transtorno do Espectro Autista, levando à criação do grupo “Amigos do Lou”.
Para simbolizar o projeto, ele criou o personagem Dr. Cor, uma figura que combina características de super-herói e cientista. “Nós criamos vários produtos para auxiliar na educação de cores através dos aromas”, afirmou Josafá, que já levou seus workshops a diversas cidades, incluindo Rio de Janeiro e até mesmo aos Estados Unidos.
“Eu brinco que a nossa metodologia é de Nova Russas [no Ceará] a Nova York”, comentou o idealizador, que também teve a oportunidade de apresentar sua metodologia a um pesquisador da Universidade da Pensilvânia.
Josafá expressou seu desejo de expandir ainda mais sua metodologia, com a ambição de alcançar “os quatro cantos do mundo”. Um de seus maiores sonhos é realizar uma exposição no Museu do Louvre, em Paris, onde pessoas com deficiência visual possam pintar e expor suas obras. “Por que o cego não pode ser um artista e fazer uma exposição no museu referência mundial? Esse é o meu desejo, é o meu sonho, e espero realizá-lo”, finalizou.