
Agricultora de São Vicente Férrer, Fátima Alves apresenta na 2ª Feira de Negócios da Agricultura Familiar de Pernambuco (Feneaf) dois produtos inéditos: caponata e antepasto feitos a partir do mangará, conhecido como coração da bananeira. Os itens surgiram após um desafio lançado pelo Sebrae durante um atendimento. “Já trabalhávamos com a fibra da bananeira e produtos derivados da banana. Então comecei a fazer os testes, eles foram aprovados e fizeram sucesso na Fenearte. Espero que seja aqui também”, afirmou. Na feira de artesanato, realizada em julho, ela faturou R$ 2,5 mil com as vendas. Até domingo (14), Fátima estará ao lado de outros 519 expositores de 113 municípios participando do evento na sede do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA).
Com o tema “Tradição que Cultiva o Futuro”, a Feneaf ocupa um espaço de 4.600 metros quadrados, dividido em quatro pavilhões com 250 estandes. A expectativa é receber 25 mil visitantes e movimentar mais de R$ 10 milhões em negócios durante os cinco dias de programação.
A abertura da Feneaf também foi marcada por anúncios de novos investimentos. O governo assinou a ordem de compra de 40 veículos — entre tratores, picapes e carros de pequeno porte — no valor de R$ 3,5 milhões, que serão utilizados pelo IPA. Além disso, serão destinados R$ 11 milhões para aquisição de 1.500 toneladas de sementes voltadas aos pequenos agricultores.
A agricultura familiar responde por 70% da alimentação que chega à mesa dos pernambucanos, movimentando cerca de R$ 700 milhões por mês. A governadora Raquel Lyra destacou que este é o terceiro ano consecutivo em que o governo reúne a agricultura familiar de todas as regiões do estado, mostrando seus produtos. Ela afirmou que cada município tem um arranjo produtivo local e que o incentivo e o fomento a essa produção são prioridades.
Impacto vai além das vendas imediatas
O presidente do IPA, Miguel Duque, avaliou que o impacto da feira não se limita às vendas imediatas, mas também às conexões estabelecidas durante o evento. Ele citou como exemplo o caso de Levi, de Caruaru, que aumentou em quase 50% o faturamento após participar da feira e passou a vender para restaurantes do Recife.
O secretário de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca, Cícero Moraes, acrescentou que a Feneaf funciona como ponto de encontro de toda a cadeia produtiva. Segundo ele, a feira reúne desde pequenos produtores até grandes consumidores e atrai o comércio atacadista, com grandes players do mercado que visitam o espaço em busca de novos canais de compra. Ele afirmou que essa dinâmica ajuda o comércio, melhora a oferta de alimentos de qualidade e amplia os mercados para os pequenos produtores.
Programação valoriza tradição e inovação
A programação da feira inclui o Espaço de Povos e Comunidades Tradicionais, valorizando indígenas, quilombolas, pescadores e outros grupos. O Memorial IPA 90 Anos celebra a trajetória da instituição com exposição de imagens e objetos, enquanto a Experiência IPA 360° proporciona visitas imersivas em realidade virtual. A Arena IPA 90 recebe palestras e a Cozinha Show comandada pelo chef César Santos.
Entre as atrações, estão a Casa de Farinha de Serra Talhada, com mais de 100 anos de história e produção em tempo real, e o Museu do Queijo, do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP). A programação conta ainda com concurso fotográfico para colaboradores do IPA e o Espaço Direto da Horta, voltado a vivências práticas de cultivo.