
No dia em que decidiu fechar suas portas por falta de investimento, o Instituto Olho d’Água, do Piauí, foi vencedor do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Fundado em 2013 por Marian Rodrigues, a instituição desenvolve oficinas de bordado, cerâmica e atividades educativas no Parque Nacional da Serra da Capivara, visando preservar os saberes tradicionais da região. Além disso, o instituto criou o Centro de Memória dos Povos da Serra da Capivara e promove educação ambiental, patrimonial e arqueológica para a comunidade local. O projeto se destaca pelo protagonismo das mulheres bordadeiras, cujo trabalho não só transmite conhecimento, mas também gera renda para suas famílias. O Iphan ressaltou a importância da transmissão intergeracional dos saberes locais, conectando memória, identidade e sustentabilidade no território da Serra da Capivara.
Mais de 200 pessoas, entre adultos e crianças, são beneficiadas pelos cursos e atividades artísticas do instituto, como o trabalho com argila, muito presente na cultura local. O projeto atende ainda 85 crianças, que recebem apoio com alimentação. O prêmio conquistado é o primeiro do instituto após quatro participações, sendo o único vencedor do Piauí nesta edição. Além do reconhecimento nacional, as instituições premiadas recebem um valor financeiro, no caso do Instituto Olho d’Água, R$ 35 mil, recursos importantes para manter as atividades, que são financiadas por vendas dos bordados, editais governamentais, doações e investimentos parlamentares.
Marian Rodrigues destaca a importância do prêmio para a continuidade do trabalho e para chamar a atenção dos governantes para a contribuição do instituto à cultura e políticas públicas do Piauí. O instituto funciona de segunda a sexta-feira, recebendo visitantes que podem conhecer o Centro de Memória, participar das atividades e adquirir as peças produzidas. As visitas podem ser agendadas pelo site. O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido desde 1987 pelo Iphan, reconhece iniciativas que preservam o patrimônio cultural brasileiro e que se destacam pela originalidade e relevância. Em 2025, o tema do prêmio foi “Patrimônio Cultural, Territórios e Sustentabilidade”, com 18 ações premiadas em 12 estados do país.