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Levantamento revela que estado do Nordeste produz em média 1,1 kg de lixo diariamente
16 de setembro de 2025 / 10:28
Foto: Divulgação

Um levantamento recente revelou que, em média, cada paraibano gera 1,11 quilos de lixo diariamente. Esse dado, obtido pelo Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa) e analisado pelo Núcleo de Dados da Rede Paraíba de Comunicação, pode parecer insignificante à primeira vista. No entanto, quando multiplicado pela população de João Pessoa, resulta em mais de 295 mil toneladas de resíduos produzidos em 2024, conforme informações da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur).

A engenheira ambiental Carla Silva detalha os tipos de resíduos gerados. “Existem os resíduos sólidos urbanos, que são aqueles produzidos em casa, como na cozinha e no banheiro. Além disso, temos os resíduos industriais, oriundos de grandes empresas, e os gerados por grandes estabelecimentos, como supermercados e shoppings”, explica.

No que diz respeito à coleta de lixo, a Paraíba apresenta uma cobertura de 88% da população, sendo 97,1% na área urbana e 53% na rural. Isso indica que 12% da população ainda não conta com coleta regular de lixo.

O material coletado em João Pessoa e em outras dez cidades paraibanas é destinado a um aterro sanitário conhecido como “Ecoparque”, que opera 24 horas por dia. O gerente regional do aterro, Ramon Brant, esclarece que o Ecoparque não se limita à disposição final de resíduos. “Implementamos tecnologias para tratar tanto a matéria orgânica quanto outros tipos de resíduos. O Ecoparque é um conjunto de tecnologias que agregamos aqui”, afirma.

Localizado a cerca de meia hora do centro da capital, o Ecoparque ocupa uma área de 105 hectares, equivalente a 150 campos de futebol, e é administrado por uma empresa privada. Os resíduos acumulados no local são transformados em energia elétrica, suficiente para abastecer até 13 mil casas diariamente.

Ramon Brant explica o processo de transformação do lixo em energia: “Uma parte do resíduo é matéria orgânica, que se decompõe, gerando chorume e biogás. O chorume é tratado em nossa estação, enquanto o biogás é utilizado na usina de geração de energia elétrica”.

Por muitos anos, muitas cidades da Paraíba enfrentaram o problema dos lixões, como o “Lixão do Róger”, que funcionou em João Pessoa por 45 anos. A promotora de Justiça do Meio Ambiente, Cláudia Cabral, ressalta que 86% do estado era coberto por lixões a céu aberto, o que afetava a saúde pública e o meio ambiente. No final do ano passado, todos os lixões foram encerrados, mas a luta agora é pela manutenção dessa situação.

“Atualmente, temos 100% dos municípios sem lixões a céu aberto, mas já recebemos denúncias de que alguns estão ressurgindo. Precisamos garantir a regularização dos aterros sanitários e a implementação da coleta seletiva”, afirma Cláudia Cabral.

Em 2024, a Paraíba caiu nove posições no ranking de reciclagem do país, ocupando a 20ª posição, com apenas 3,6% da população tendo acesso à coleta seletiva.

A educação é fundamental para aumentar a consciência sobre a separação dos resíduos. A Escola Estadual Bráulio Maia Júnior, em Campina Grande, desenvolve o projeto “Recicla: Educação ambiental começa na base”, que busca soluções para a grande quantidade de resíduos produzidos. A estudante Maíza Gabriela da Silva, envolvida no projeto, explica: “Coordeno o sistema das ‘waste drops’, que são caixinhas em cada sala de aula para a triagem dos resíduos, que depois são levados para a Associação de Catadores da Arenza”.

O projeto já foi reconhecido nacionalmente, conquistando o 2º lugar no Prêmio Educadores do Ano, promovido pela Unifacisa e Fundação Pedro Américo, que visa incentivar práticas pedagógicas inovadoras.

A responsabilidade pela coleta de resíduos é de todos e pode contribuir para a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida. Maíza destaca a importância de educar as crianças: “É muito mais fácil ensinar algo a uma criança ou adolescente do que a um adulto. O que fazemos hoje para as novas gerações refletirá no futuro”.