
A estiagem que afeta a Paraíba já levou mais da metade dos municípios do estado a declarar situação de emergência. Dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) revelam que 115 cidades estão enfrentando essa grave crise hídrica, impactando diretamente a vida de milhares de paraibanos.
As comunidades mais afastadas das áreas urbanas dependem de caminhões-pipa para o abastecimento de água, com 112 municípios recorrendo a essa alternativa, conforme informações do Exército. Em muitas propriedades, as cisternas e caixas d’água garantem o fornecimento de água potável, mas os animais enfrentam sérias dificuldades.
Desafios enfrentados pelos agricultores
“A gente faz até empréstimo no banco para comprar as caixas. Porque é difícil. Pouca água… Principalmente para o gado, né?”, desabafou a agricultora Gilvanete Medeiros. Em São José de Espinharas, localizada no Sertão paraibano, foram cavados poços de mais de 100 metros, mas os moradores afirmam que o subsolo está seco.
Os prejuízos são visíveis entre os agricultores e produtores da região, que relatam a perda de colheitas, como o milho, que não chegaram a ser colhidas. Comerciantes também notam um aumento nos preços dos produtos e do frete. “Mercadoria vem tudo da Bahia, de Petrolina, então paga frete, tudo fica mais caro. Enquanto tiver seco, vai ser assim”, comentou a comerciante Querubina Nóbrega de Sousa.
No Agreste paraibano, a situação não é diferente. Mercados e feiras enfrentam a alta nos preços devido à estiagem. Em Campina Grande, a segunda maior cidade do estado, a dificuldade em encontrar maracujá é notável, e quando disponível, o preço é consideravelmente elevado. Os restaurantes da cidade também estão sentindo os efeitos da crise hídrica, o que resulta em um aumento nos preços dos pratos típicos.
“Nós trabalhamos com feijão verde e essa mudança pra gente praticamente não impacta porque temos contratos anuais com os fornecedores. Temos uma projeção de trabalho para o ano todo, mas outros estabelecimentos que compram diariamente enfrentam penalidades significativas”, explicou Marcílio Jonatas, gerente de um restaurante.
O MIDR informou que as cidades em situação de emergência podem solicitar recursos para ações da Defesa Civil, incluindo a compra de água mineral e cestas básicas, como forma de mitigar os efeitos da seca.