Um novo equipamento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está prestes a iniciar testes para detectar a presença de metanol em bebidas destiladas comercializadas no estado. Um vídeo demonstrativo ilustra o funcionamento dessa máquina, que é parte do Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes da UFRN, já utilizado em pesquisas de monitoramento de combustíveis. A parceria que possibilitou o uso desse equipamento foi formalizada na última segunda-feira (20) entre a universidade e a Federação do Comércio de Bens, Serviços (Fecomércio/RN).

O acordo de cooperação técnica visa realizar análises de detecção de metanol em produtos vendidos em supermercados, atacados e distribuidoras. As instituições envolvidas destacam que a iniciativa busca aumentar a segurança dos consumidores e empresários, especialmente após recentes apreensões e casos de intoxicação por bebidas adulteradas em outras partes do Brasil.

Funcionamento da Análise

Valter Fernandes, coordenador do laboratório da UFRN, explicou que as análises serão conduzidas utilizando a técnica de cromatografia a gás com detector de ionização de chama, considerada o “padrão ouro” para a detecção de metanol. O processo envolve o seguinte:

• A bebida é colocada em um frasco e lacrada.
• Um robô coloca o frasco em um sistema de aquecimento.
• O metanol é extraído da bebida ao ser aquecido a 64,7 °C.
• Outro robô coleta o metanol e injeta no equipamento para quantificação.

Fernandes ressalta que a cromatografia pode separar até 400 substâncias diferentes de uma única amostra, permitindo a detecção de pequenas quantidades de metanol. Além disso, o teste será realizado de forma “cega”, garantindo que o laboratório não saiba qual bebida está sendo analisada. As amostras, coletadas pela Fecomércio, serão codificadas e os resultados serão divulgados pela federação em até cinco dias, embora a expectativa seja de que os testes sejam concluídos em um ou dois dias.

Adesão ao Programa de Testes

Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio RN, anunciou que as coletas de amostras terão início ainda nesta semana, com foco em monitorar bebidas em supermercados, atacadistas e distribuidoras. Ele informou que as empresas interessadas em participar do programa de testes pagarão uma taxa de aproximadamente R$ 200 por análise. A iniciativa visa proporcionar tranquilidade tanto aos consumidores quanto aos empresários, que terão seus produtos certificados.

Vendas no RN

Apesar das preocupações relacionadas a bebidas adulteradas em outras regiões, representantes do comércio potiguar afirmam que as vendas nos supermercados do Rio Grande do Norte permanecem estáveis. Segundo Geraldo Paiva, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios, o consumo de destilados até aumentou, com um crescimento entre 10% e 12%. Elias Azevedo, presidente do Sindicato do Comércio Atacadista do RN, acredita que a medida de teste ajudará a manter a confiança do mercado, destacando que a iniciativa do selo de bebida segura é bem recebida por todos.