
Março é um mês significativo para a saúde no Maranhão, marcando 25 anos desde a realização do primeiro transplante de rim no estado. Desde então, o Maranhão tem avançado na área, mas ainda enfrenta grandes desafios. Em 2024, foram realizados 62 transplantes renais, e nos três primeiros meses de 2025, 14 procedimentos foram concluídos, todos no Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA). Contudo, a realidade é que 205 pacientes ainda aguardam na fila por um transplante de rim.
Uma dessas pessoas é Joilce Diniz, que há uma década espera por um novo órgão e compartilha sua experiência na fila de espera. “Minha rotina de tratamento enquanto aguardo o transplante é fazer hemodiálise três vezes por semana, quatro horas por dia. Durante esse tempo, a máquina substitui a função dos meus rins. Então, três vezes na semana eu me desloco até a clínica para que meu sangue seja filtrado e eu possa viver o restante dos dias”, relata Joilce.
Apesar da longa espera e das dificuldades enfrentadas, Joilce mantém a esperança de que um dia será chamada para o procedimento. “Já fui chamada cinco vezes para a seletiva, mas nunca deu certo para mim. No começo, foi uma experiência muito ruim, mas depois entendi que tudo tem seu tempo e que, no momento certo, meu rim vai chegar”, compartilha.
Joilce também aponta a falta de informação sobre doação de órgãos como um dos maiores obstáculos. “Muitas famílias não aceitam doar órgãos por falta de conhecimento. Infelizmente, no nosso estado, não há uma divulgação eficiente sobre o assunto, e até mesmo alguns pacientes não têm a informação correta”, alerta.
Novo hospital habilitado para transplantes
Além do HU-UFMA, o Hospital Dr. Carlos Macieira recentemente recebeu a habilitação para realizar transplantes de rim e fígado, oferecendo mais uma alternativa para os pacientes. O primeiro procedimento na nova unidade ocorreu na última quarta-feira, quando Maria Gorete dos Santos Castro, de 38 anos, recebeu um rim do irmão.
A cirurgiã nefrológica Juliana Etz, que participou do transplante, celebrou essa conquista para a rede pública. “Isso representa um grande passo para o acesso dos pacientes renais crônicos ao transplante. Agora, eles têm mais uma alternativa para serem avaliados e inscritos na lista de espera”, afirmou.
A médica também enfatizou a importância do diagnóstico precoce das doenças renais, que muitas vezes são silenciosas. “A creatinina é um exame simples e barato que pode indicar se nossos rins estão funcionando bem. O problema é que muitas pessoas só descobrem a doença quando a função renal já está bastante comprometida”, explicou.
Para aqueles que ainda estão em diálise e desejam entrar na fila do transplante, a orientação da especialista é buscar o quanto antes um centro transplantador.