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Milho no São João: tradição nordestina supera desafios e garante festas em alagoas
14 de junho de 2025 / 10:51
Foto: Divulgação

O milho continua a ser o protagonista das festas juninas em Alagoas, mesmo enfrentando desafios na produção. Este grão, símbolo de fartura e tradição nordestina, invade as ruas e praças durante o mês de junho, época em que a colheita é celebrada. Com a chegada do mês, as cidades alagoanas se enchem de barracas e vendedores, oferecendo o milho fresco e abundante, especialmente na forma da popular “mão de milho”, que equivale a 52 espigas.

Entretanto, a produção deste ano não está isenta de dificuldades. As chuvas, que deveriam ter chegado no período ideal para o plantio, atrasaram, impactando diretamente a colheita. Tradicionalmente, os agricultores do Sertão plantam o milho no dia de São José, 19 de março, que marca o início das chuvas de inverno. Contudo, nos últimos dois anos, essa prática tem se tornado cada vez mais difícil de ser seguida.

Seu José Vicente Rodrigues, um agricultor de Piranhas, lamenta a situação: “Não conseguimos plantar nesse período. Dois anos seguidos sem chuva em março. Este ano não teremos milho, feijão de corda, abóbora… nada para o São João”.

De acordo com o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), a estiagem prolongada não é um problema isolado, afetando também outros estados do Nordeste. Entre março e maio do ano passado, Alagoas registrou 575 milímetros de chuva, enquanto neste ano, o total foi de apenas 173 milímetros. Essa diminuição é atribuída a uma condição climática neutra, entre os fenômenos El Niño e La Niña, que enfraquece as chuvas no Nordeste.

Irrigação como alternativa para a colheita

Enquanto muitos agricultores enfrentam dificuldades, aqueles que investiram em irrigação estão colhendo os frutos de suas decisões. Everaldo Rodrigues, de Inhapi, adotou um sistema de gotejamento e viu sua plantação prosperar. “Essa irrigação aqui é um sonho. Você planta sabendo que vai colher. É caro, mas todo investimento vale quando você vê um pé de milho dando três espigas”, afirmou, prevendo uma colheita de 25 a 30 mil espigas em um hectare, o que pode gerar uma receita média de R$ 15 mil.

Para aqueles que não conseguiram plantar ou perderam a safra, a solução é importar milho de outros estados, como Pernambuco, Ceará e Sergipe, que se tornaram os principais fornecedores para o mercado alagoano.

Apesar das dificuldades enfrentadas, as previsões do IBGE indicam um aumento significativo na produção de grãos em Alagoas neste ano, com a produção de milho alcançando 136,5 mil toneladas, um crescimento de 67,2% em relação a 2023.

Expectativa de fartura nas festas juninas

Luiz Juvenal, conhecido como Luizinho, é um vendedor do Mercado da Produção em Maceió e garante que não faltará milho nas festividades. Ele oferece uma variedade de preços, com espigas custando entre 30 e 70 reais. “Não vai faltar milho para o Santo Antônio, para o São João, nem para o São Pedro. Alagoas estará suprida, seja com milho local ou de fora”, assegurou ele.