
Cerca de 24% da receita da Embraer é proveniente de exportações para os Estados Unidos. O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, expressou sua preocupação com os potenciais impactos do aumento de tarifas de importação de produtos brasileiros, que podem chegar a 50%, sobre o setor da aviação nacional, especialmente em relação à Embraer.
O ministro ressaltou que, se a sobretaxa for mantida, cada aeronave da Embraer exportada para os EUA pode enfrentar um impacto financeiro de aproximadamente US$ 9 milhões, o que prejudicaria diretamente os contratos já estabelecidos.
O aumento das tarifas foi anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no dia 9 de agosto, com previsão de implementação a partir de 1º de agosto. Trump justificou essa decisão mencionando o ex-presidente Jair Bolsonaro e descrevendo o julgamento dele no Supremo Tribunal Federal (STF) como “uma vergonha internacional”.
“O setor que mais me preocupa é o da aviação. O Brasil possui a Embraer, que realiza um número significativo de vendas para o mercado americano. Se essa tarifa entrar em vigor, o impacto será de quase 9 milhões de dólares por avião. Estamos discutindo no governo a implementação de medidas emergenciais para proteger, especialmente, o setor da aviação brasileira e a indústria local”, afirmou Costa Filho.
Desde o anúncio de Trump, as ações da Embraer têm enfrentado uma queda significativa na Bolsa de Valores. A Embraer se destaca como a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, com os Estados Unidos representando 60% das exportações de aeronaves brasileiras. Além disso, 24% da receita total da empresa provém do mercado norte-americano.
De acordo com o balanço do primeiro trimestre, a Embraer já possui 181 aviões comerciais encomendados para seis companhias aéreas dos EUA: American Airlines, Republic Airlines, Horizon Air, Azorra, AirCastle e SkyWest. Além disso, há 60 aviões encomendados pela SkyWest durante o Paris Air Show, em junho, com um contrato avaliado em US$ 3,6 bilhões.
O ministro Silvio Costa Filho também mencionou que tem mantido diálogo com o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, buscando alternativas caso as tarifas sejam efetivamente impostas. “Eu lamento profundamente. É muito prejudicial para a economia brasileira. Se esse tarifaço for mantido, podemos esperar uma perda de crescimento do PIB entre 0,3% e 0,4%. Portanto, é fundamental buscarmos alternativas para preservar essas exportações. Estamos em reuniões diárias com os setores envolvidos, mas a aviação é a área que mais me preocupa”, declarou.
A Embraer, em nota oficial, informou que está avaliando os impactos da nova tarifa e que o assunto será discutido internamente em uma conferência programada para o início de agosto. “A Embraer está avaliando os possíveis efeitos do aumento de tarifas anunciado pelo governo americano sobre os produtos brasileiros, especialmente se o decreto afetar a indústria de aviação no Brasil. Esses impactos serão discutidos em nossa próxima conferência de resultados do segundo trimestre, marcada para o dia 5 de agosto”, afirmou a empresa.
Além disso, a Embraer destacou que está colaborando com as autoridades competentes para reestabelecer a alíquota zero dos impostos de importação para o setor aeronáutico.