
Em Maceió, iniciativas inovadoras estão unindo a preocupação com o meio ambiente e o empreendedorismo no setor da moda. A moda circular, um conceito que promove o consumo consciente e a sustentabilidade, tem ganhado destaque, especialmente entre aqueles que buscam peças que priorizam qualidade e respeito ao meio ambiente.
A indústria têxtil, que é a segunda mais poluente do planeta, apenas atrás do setor de petróleo, enfrenta um desafio crescente. No Brasil, a produção anual de roupas chega a quase 9 bilhões de peças, segundo o relatório Fios da Moda, elaborado pelo Instituto Modefica e FGV. Este cenário alarmante evidencia a necessidade de práticas mais sustentáveis, visto que a confecção de roupas é responsável por 25% do desperdício de tecidos como algodão, poliéster e viscose.
Para enfrentar essa realidade, surgem alternativas como brechós e o conceito de slow fashion. Penélope Soares, artista e proprietária de um brechó em Maceió, destaca a importância de ressignificar o uso das roupas, enfatizando que o acúmulo de lixo não é uma solução viável. Ela afirma: “É a lei da vida: as pessoas nascem, crescem, reproduzem e morrem, mas o lixo continua, independente se você está vivo ou não.”
Além dos benefícios ambientais, o movimento de moda circular também traz vantagens para os empreendedores locais, como:
- Economia nos recursos;
- Melhoria da imagem da marca;
- Parcerias no comércio local;
- Networking.
O setor da moda é dividido em duas correntes principais: o fast fashion, que prioriza a produção em massa e o baixo custo, e o slow fashion, que promove uma relação mais consciente entre consumidores e produtores. O slow fashion se caracteriza por:
- Conexão entre produtores e consumidores;
- Minimalismo na produção;
- Peças versáteis;
- Tecidos sustentáveis;
- Descarte responsável de resíduos.
Essa abordagem oferece uma oportunidade para valorizar a moda local, revitalizar peças esquecidas e fomentar a inovação entre pequenos empreendedores. Em Maceió, brechós e o uso de crochê estão se destacando como tendências na moda sustentável. Penélope ressalta que a moda é cíclica e que as redes sociais têm contribuído para o ressurgimento do estilo vintage, trazendo de volta a qualidade das peças antigas.
Brenda Almeida, proprietária de uma marca de roupas de crochê em Alagoas, complementa essa visão, afirmando que o crochê ensina paciência e respeito pelo processo criativo. “O feito à mão resgata o afeto e confronta a velocidade do fast fashion, propondo um consumo mais consciente e afetivo,” diz Brenda, ressaltando a riqueza cultural de Alagoas e a valorização do artesanato.
Para além das compras em brechós e lojas que apoiam o slow fashion, é essencial considerar alternativas para o descarte de roupas que não são mais utilizadas. Infelizmente, apenas 1% das roupas é reciclado novamente em novas peças. Algumas formas de reaproveitar essas peças incluem:
- Doação;
- Reciclagem, transformando roupas em novos itens;
- Venda;
- Trocas com amigos e conhecidos.
Essas iniciativas não apenas promovem uma moda mais sustentável, mas também fortalecem a economia local e criam uma rede de apoio entre os criadores.